Zumbi dos Palmares, um líder da história negra brasileira
Desde o ano de 2003, quando foi aprovada, no Brasil, a Lei Nº 10.639 – que inclui a obrigatoriedade do estudo da História e Cultura Afro-Brasileira nas escolas de todo o país – o dia 20 de Novembro foi incluído oficialmente no calendário como Dia da Consciência Negra. A data é uma homenagem a Zumbi dos Palmares – que foi assassinado neste mesmo dia em 1695 – e uma forma de ressaltar a importância do combate ao racismo.
Mas quem foi Zumbi?
Herói do povo negro, Zumbi foi o último líder do grande movimento de resistência à escravidão no Brasil na época colonial, chamado Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga – desde 2017 considerada património cultural do Mercosul. Quilombo é o nome dado aos locais onde se concentravam os escravos fugidos – e outras minorias -, que passavam a participar de uma comunidade e a viver a partir da pesca, caça, agricultura e coleta. O Quilombo dos Palmares é o mais famoso dos quilombos da altura colonial e ficava onde hoje é a região das Alagoas, no nordeste do Brasil, chegando a ter cerca de 30 mil pessoas no século XVII.
O maior crescimento do Quilombo dos Palmares se deu na altura das invasões holandesas. Quando a Holanda invade a região onde hoje é Pernambuco, em 1630, a disputa entre portugueses e holandeses favorece a fuga de escravos das fazendas da região, das prisões e das senzalas (moradias destinadas aos escravos que trabalhavam nos engenhos). A grande envergadura do movimento de resistência gera preocupação entre senhores de engenho e poderosos.
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Zumbi era descendente de guerreiros angolanos, mas foi aprisionado ainda em criança e criado por um padre – com quem aprendeu português e latim. Em 1670, fugiu da Igreja e voltou a Palmares, onde acabou por se tornar o grande líder após o líder anterior fazer um acordo com o governador de Pernambuco para garantir direitos de terra apenas para negros que haviam nascido no quilombo – excluindo os outros. Na segunda metade do século XVII, começaram as incursões por parte dos poderosos da região contra Palmares, para tentar desestabilizar o movimento e recuperar os escravos fugidos. O Quilombo foi destruído em 1694 e Zumbi, que havia escapado, foi assassinado em 1695, tendo sua cabeça sido decepada e exposta em praça pública.
A história de Zumbi é tratada em filmes, teatros, livros, reportagens e ensinada no ensino básico brasileiro. Em 2017, foi lançada também a banda desenhada (quadrinhos) Angola Janga, que retrata a vida do líder. Conheça um pouco da história:
Zumbi dos Palmares é considerado um símbolo da resistência antiescravagista mas também sofre críticas. Há um movimento de estudiosos que aponta a existência de escravidão interna no Quilombo de Palmares – prática que, na altura, era comum na África.
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