Xico Gaivota, o artista português que usa plástico encontrado na praia como matéria-prima
2 minRicardo Ramos é também conhecido por Xico Gaivota. Nasceu em Lisboa, no ano de 1978, e é um artista extraordinário alimentado por um desejo muito nobre: ele quer que seus filhos e a próxima geração vejam o que ele viu. É empolgante descobrir o processo de como esse propósito se canaliza para tudo, desde onde ele escolhe trabalhar até os materiais que usa.
Xico Gaivota remove plásticos e outros materiais de praias remotas e os transforma em obras de arte. Para ele, os detritos marinhos não são lixo, sendo reaproveitados como matéria-prima para suas criações. Em uma sociedade distópica, baseada no consumo descontrolado e no descarte inconsequente de resíduos, é uma atitude louvável.
O que começou como uma maneira de fazer presentes de Natal para a sua família, é agora sua marca registrada. “Tu olhas para estas peças e vês lixo plástico; eu olho para elas e vejo formas perfeitas. Eu vejo belas peças, cores impossíveis que você não encontra em nenhum outro lugar, histórias. Eu adoraria saber de onde elas vêm, o que viram e por onde viajaram. É por isso que eu as guardo. Eu sou viciado nesses lugares”, esclareceu Ricardo.
“Tenho necessidade de ver poças, ver pedras e absorver toda essa beleza. É a nossa casa e de toda a gente, mas acaba por ser a minha casa pelo menos quando estou lá a limpá-la. Eu quero deixá-las iguais e adoraria ver meus filhos irem lá daqui a alguns anos e ficarem ‘loucos’ como eu fiquei quando vi estes sítios tão únicos e tão especiais”, rematou o artista.
Paralelamente, Ricardo faz um trabalho de educação ambiental voltado para as crianças e viaja para ensinar outras pessoas a fazer o mesmo que ele. Em 2018 passou um mês na comunidade de Vilankulo (Moçambique) e pretende voltar em breve. “O lar não termina na minha varanda da frente”, disse.
O trabalho de Xico Gaivota tem o poder de despertar a consciência ambiental sobre o dilema dos resíduos plásticos e contribuir para um modo de vida mais sustentável. É a tradução perfeita da expressão “agir localmente, pensar globalmente”. Todos nós devemos ser gratos pelo trabalho de uma mente criativa como a de Ricardo Ramos.
Autoria: Gustavo Lermen Silva, colaborador da Conexão Lusófona. O autor divide o seu tempo entre a área de estudos de mercado e o trabalho como instrutor de surfe. Escreve também para os sites The Inertia (Califórnia), Beachcam (Portugal) e Waves (Brasil).
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