(Imagem: Reprodução Witxala)
Se nos mais variados quadrantes da minha vida, não me mostro muito optimista, preferindo o sempre mais seguro realismo, no que toca aos Direitos Humanos, sou uma optmista incurável. Talvez sonhadora mesmo.
Acredito que, por essência, não somos nem bons, nem maus, somos apenas seres em construção e em evolução. Há os que por mérito, ou por sorte, seguem um caminho dito exemplar, outros por mérito ou azar seguem o caminho alternativo.
E talvez sejam estes últimos os que merecem a nossa reflexão. Sobre eles, sobre os caminhos que trilharam, sobre nós, sobre os caminhos que todos nós enquanto sociedade lhes permitimos percorrer.
Se apenas um caminho se nos afigura possível, seremos verdadeiramente livres e por isso conscientes da escolha que fazemos?
Existe algo de mágico nos seres que se dizem humanos que me inquieta e apaixona: a capacidade de mudar de rumo, de começar de novo e escrever um novo fim.
Paixão essa que me fez desde cedo interessar pelas questões associadas ao meio prisional.
São os estabelecimentos prisionais, nada mais, nada menos, que o produto e o resultado de uma sociedade que não cuida à priori e erra na resolução à posteriori. São também lugares onde existe uma possibilidade tão grande de recomeço, de esperança, de sonho!
“Esta gaja está louca”, dirão muitos de vós. Já o povo o diz “de sábios e de loucos todos temos um pouco”, portanto assiste-vos razão.
De qualquer das formas devo dizer-vos que foi exactamente isso que encontrei quando parei para escutá-los. Encontrei pessoas de carne e osso, a transbordar de sonhos e mágoas, muitos a quem justiça não foi feita.
Afinal, não somos todos feitos da mesma massa? Não somos todos feitos de forças e fraquezas?
No embalo, falo-vos hoje do Projecto Witxala, apenas um dos muitos que nos inspiram a alma e o coração e nos comprovam que efectivamente o “sonho comanda a vida”.
Witxala, em Lómue (dialecto utilizado na cidade de Gurué – Moçambique), significa viver em liberdade. O projecto de que hoje vos falo está a ser desenvolvido no Estabelecimento Prisional de Gurué, no qual participam cinco reclusos, mais três que se encontram em formação.
O projecto ganha forma pela confecção de peças artesanais como: malas, porta-lápis, golas, bolsas, artigos de cozinha, entre outros.
Todas as peças são trabalhadas em capulana e têm a mão dos reclusos.
As receitas revertem para o financiamento e sustentabilidade do principal objectivo do projecto: apoiar os reclusos e as suas famílias, durante um ano após a sua saída em liberdade, nomeadamente, garantindo-lhes bens de primeira necessidade e o financiamento dos estudos dos seus filhos, por forma a evitar o abandono escolar.
Se “(…)sempre que um homem sonha, o mundo pula e avança, como bola colorida entre as mãos de uma criança”, então ajudemos este projecto a crescer e a fazer avançar o mundo que é de todos nós.
Para mais informações e encomendas: https://www.facebook.com/witxala?fref=ts