É alcunhada de “polvo do deserto” devido ao comprimento das suas folhas, que se assemelham a tentáculos. Apesar do seu aspeto desgrenhado, incolor e seco, a welwitschia mirabilis é considerada uma planta singular. Além de ser a mais famosa do território angolano, possui uma característica invejável: a longevidade. Segundo as informações recolhidas pelos especialistas, pode ultrapassar os mil anos e o seu único habitat é o vasto deserto do Namibe, localizado no sul de Angola, que se estende até à Namíbia.
A welwitschia, “botanicamente” explicando, é considerada uma planta rasteira, formada por um caule grosso que não cresce e que está ancorado a uma enorme raiz. Embora aparente possuir muitas folhas, devido às suas dimensões gigantescas e ao facto de se bifurcarem, tem apenas duas — que podem atingir os quatro metros de comprimento. Até aos dias de hoje, é adjetivada de bizarra e cadavérica pelos olhos leigos, mas, para os estudiosos, é sinónimo de fascinante e enigmática.
Quando tentamos procurar os seus parentes vivos, descobrimos que esta é considerada uma planta órfã, integrando uma família botânica — apelidada de welwitschiaceae — que possui apenas um elemento: a própria welwitschia mirabilis. Segundo os especialistas, os pinheiros são a espécie que mais se aproxima desta. Possui características antagónicas e muito peculiares que, de acordo com as pesquisas científicas, não são encontradas em mais nenhum ser vivo. É reconhecida como o “fóssil vivo”, devido ao seu legado milenar: habita o planeta Terra, desde o período Jurássico (era dos dinossauros).
Apesar da sua “casa” ser árida, a welwitschia consegue, através das suas folhas, absorver partículas de água da atmosfera (o orvalho). Durante o dia, mantém-se mais “retraída”, libertando-se no período noturno. A sua fotossíntese, em vez de acontecer no ciclo luminoso, ocorre na fase escura. Assim como os catos, esta planta armazena o alimento nas folhas carnudas e suculentas.
Estudada no século XIX pelo biólogo austríaco Friedrich Welwitsch, esta espécie era denominada N’Tumbo, pelos nativos. Por este motivo, o responsável pelo seu primeiro registo botânico quis chamá-la Tumboa bainesii — nome que mais tarde seria alterado para welwitschia mirabilis, para homenagear o homem que a investigou.
Segundo o poeta angolano Namibiano Ferreira, esta espécie é considerada um “símbolo de resistência, tenacidade e sobrevivência”, conseguindo aguentar temperaturas superiores a 60 graus e até cinco anos sem chuva. Por estes motivos, é também vista como um emblema que eterniza a força de Angola.
Segundo as pesquisas, existem plantas machos e fêmeas que exibem cones com formas diferentes. O masculino assemelha-se a uma pinha avermelhada, na qual nascem minúsculas flores amarelas; já o feminino apresenta uma fisionomia ovalada de tom azulado. A welwitschia é considerada uma planta espermatófita, ou seja, é capaz de produzir as suas próprias sementes. Estas, devido ao vento do deserto, são espalhadas pelo solo do Namibe, sendo, geralmente, desta forma que se reproduz. No entanto, o processo de desenvolvimento é lento e, consequentemente, a espécie está catalogada como ameaçada. Os esforços têm sido direcionados para o cultivo da welwitschia mirabilis em ambientes controlados.
Curiosidades sobre a welwitschia
• O famoso biólogo inglês Charles Darwin apelidou a welwitschia mirabilis de “ornitorrinco do reino vegetal”, porque, à semelhança deste mamífero subaquático que põe ovos, esta planta mescla duas características antagónicas: a estranheza e a beleza;
• Segundo os registos, o maior exemplar desta espécie mede cerca de um metro e meio de altura e mais de quatro metros de diâmetro;
• Devido à forte presença desta planta na Namíbia, os jogadores da Seleção Namibiana de Rugby são apelidados de welwitschias.