Visita do presidente de Portugal a Moçambique termina com declarações de amizade fortificadas
Num clima de tensão político-militar, crise económica, revelação de dívidas ocultas do Estado e manifestações por parte da sociedade civil, Moçambique recebeu por quatro dias o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa. Esta foi a primeira visita do chefe de Estado português a um país africano, e a escolha se deveu por várias razões históricas que ligam os dois países.
A sua visita teve como foco a fortificação das relações de amizade entre os dois países que já desenrolam há décadas. Durante a visita, o presidente português deixou ficar vários conselhos em relação à situação actual do país e foi mencionado por Filipe Nyusi como “amigo de Moçambique”.
O presidente português considerou que “Moçambique tem de pensar que é mais importante o que une que o que divide” e fez um apelo ao diálogo entre o governo e o maior partido da oposição, a Renamo.
Ainda sobre o ambiente político-militar em Moçambique, o presidente português foi bastante cuidadoso nos seus pronunciamentos e deixou ficar que acredita na capacidade do governo moçambicano dar a volta a situação.
– Eu acompanho Moçambique há muitas décadas, e estive aqui muitas vezes depois da independência a dar aulas e a fazer exames, e vivi períodos muito difíceis da vida de Moçambique. E uma coisa que reconheço é que Moçambique soube sempre dar a volta à situação. Mesmo nos momentos de maior dificuldade e de maior pobreza, soube reagir e dar a volta. Já viveu momentos piores do que este, bastante piores. E vai dar a volta à situação – declarou.
Com a suspensão de apoio dos doadores internacionais ao Orçamento do Estado, alguns economistas e investigadores ouvidos pelos media em Moçambique se mostram pessimistas em relação ao rumo das finanças e apontam a falência do pais como uma possibilidade, mas ainda assim o presidente português não deixou de referir que este é um momento difícil mas que Portugal não vai desistir de Moçambique. Daí que, apesar das dificuldades no plano económico internacional, Marcelo não se cansa de apelar à continuação do investimento português no país, referindo-se a Moçambique como um “país de futuro”.
O chefe de Estado português disse ao Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, que ambos têm uma “gigantesca responsabilidade”, individual, e serão julgados pela História pelas suas acções.
– Nós os dois fomos eleitos pelos nossos povos, isso é um acto enorme, fundamental, de confiança em nós, mas também uma gigantesca responsabilidade – declarou Marcelo Rebelo de Sousa, durante um jantar oferecido pelo Presidente moçambicano, no Palácio da Ponta Vermelha, em Maputo.
Apesar de não ter sido previsto no programa inicial da visita, o presidente português manteve contacto com representantes dos maiores partidos da oposição em Moçambique Renamo e Movimento Democrático de Moçambique (MDM), para além do partido no Poder (Frelimo).
O acordo ortográfico também fez parte dos assuntos tratados e Marcelo Rebelo de Sousa deixou ficar que se Moçambique e Angola não ratificassem o acordo, esta seria uma oportunidade para se repensar no assunto.
Durante os três primeiros dias da visita, Marcelo Rebelo de Sousa interagiu de diversas maneiras com a população e chegou a dançar a famosa marrabenta com centenas de crianças de duas escolas de Maputo, (Escola Portuguesa e Escola Secundária Estrela Vermelha).
VÍDEO: A dança de Marcelo Rebelo de Sousa em Moçambique
A visita culminou com uma cerimónia no Paços do Município em Maputo, na qual foi entregue ao presidente português a chave da cidade e um jantar oferecido por ele em honra do Presidente moçambicano, no Hotel Polana.
Marcelo Rebelo de Sousa despediu-se do seu homólogo moçambicano oferecendo-lhe um exemplar da nova camisola da selecção portuguesa de futebol, que disse ser uma reprodução da que foi usada no mundial de 1966, no qual Portugal alcançou o terceiro lugar devido a quatro moçambicanos: Eusébio, Coluna, Vicente e Hilário, e salientou, “antes mesmo do Presidente da Republica de Portugal ter essa camisola, tem-na o Presidente da Republica de Moçambique”.
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