O mosquito responsável pela transmissão do vírus Zika (Aedes Albopictus, da família do Aedes Aegypti que, em 2015, iniciou um surto generalizado no Brasil) – popularmente conhecido por «mosquito dos pântanos», também portador de outras doenças como a dengue e a febre-amarela – já tinha sido detectado no último mês de Agosto em dois municípios da Extremadura espanhola (as localidades mantêm-se desconhecidas para evitar o alerta geral) que fazem fronteira com o território português, mas só agora foram anunciados publicamente pelas autoridades, no passado dia 30 de Setembro.
A notícia foi avançada em conjunto pela professora Eva Frontera Carrión e pelo entomologista Daniel Bravo Barriga, da Universidade da Extremadura, que lideram um projecto intitulado “Vigilância do mosquito tigre e análise da possível circulação do vírus do Nilo ocidental na Extremadura”, confirmando a existência daquele insecto na região espanhola, próxima do Alentejo e da Beira Baixa.
Na realidade, o mosquito portador do vírus Zika (o seu nome deriva de uma floresta no Uganda onde o vírus foi isolado pela primeira vez, em 1947) e da febre-amarela não foi descoberto na Península Ibérica pela primeira vez. No Verão de 2004, esta espécie foi detectada num município da região da Catalunha, que terá chegado ao país através da importação de pneus usados da Ásia. Passados dez anos, este pequeno mosquito já estava presente em quase toda a costa espanhola banhada pelo Mediterrâneo, esclareceu o Ministério da Saúde espanhol. O ano passado, o País Basco, Aragão, a Comunidade Valenciana, as Ilhas Baleares, Múrcia e a região da Andaluzia denunciaram a sua presença.
Com efeito, os autores do estudo referido da Universidade da Extremadura, bem como as autoridades sanitárias recomendam a adopção de medidas preventivas: “evitar a acumulação de água nos pratos dos vasos, renovar a água dos bebedouros dos animais e drenar os locais que possam ser alagados com frequência”.
O centro de saúde local da Extremadura, no entanto, avisou que as medidas de contenção e prevenção, conduzidas por acções de limpeza e desinfecção dos espaços passíveis de serem habitados pelo «mosquito dos pântanos», estão já a ser implementadas. Os responsáveis de saúde pública espanhóis afirmam que, quer o mosquito transmissor do vírus Zika (original dos trópicos), quer as bactérias que transportam no seu organismo, «não conhecem fronteiras», pelo que apelam a uma atenção especial por parte da população para a possível identificação de patologias.
Mas quais são os motivos que justificam a rápida expansão destes mosquitos em terras europeias? O Ministério da Saúde espanhol adianta que as alterações climáticas, a migração de pessoas para outros países, a resistência aos insecticidas e às mudanças ambientais causadas pela desarborização e desmatação de espécies autóctones, são factores que ajudam a explicar este fenómeno migratório.
São principalmente as fêmeas – o mosquito é reconhecido por apresentar uma lista branca na zona da cabeça e no tórax – transmitem o vírus aos seres humanos por dependerem das proteínas do nosso sangue para concretizarem a maturação dos seus ovos. Não há, contudo, razões para alarme uma vez que a população dos mosquitos transmissores do vírus Zika é muito reduzida. Com efeito, os autores do estudo referido da Universidade da Extremadura, bem como as autoridades sanitárias recomendam a adopção de medidas preventivas: “evitar a acumulação de água nos pratos dos vasos, renovar a água dos bebedouros dos animais e drenar os locais que possam ser alagados com frequência”.
A picada do mosquito Aedes Albopictus pode provocar infecções e reacções alérgicas graves – febre, cefaleia, dores articulares, conjuntivite, fotofobia e erupções cutâneas são alguns dos seus sintomas. Na Europa, os únicos casos de morte foram identificados na Grécia, em 2010.
PS: o autor deste artigo obedece às regras do antigo acordo ortográfico