Tom Jobim, uma referência mundial, foi homenageado em Lisboa num concerto especial que esteve integrado na programação do evento cultural Trampolim Gerador Campolide.
A iniciativa teve como objetivo assinalar a entrega oficial da nova Praça de Campolide à população deste bairro lisboeta.
O momento final aconteceu na nova praça e o homenageado foi o mestre Tom Jobim, referência não só dos brasileiros, mas de todos os que sentem e se expressam em língua portuguesa.
O conceito do espetáculo ficou a cargo da Conexão Lusófona que desafiou vários artistas a transformarem a nova Praça de Campolide num espelho de união cultural e diversidade da língua portuguesa.
A mistura começou com Ivo Dias de Portugal que arriscou juntar aos sambas e bossas diversos ritmos tradicionais portugueses numa mistura que deu provas de funcionar muito bem. “Só danço samba”, “Insensatez” e “Corcovado” foram os temas de abertura.
A jovem timorense Benvinda Ramiro, emprestou a sua graciosidade e o ritmo longínquo do Tebe De de Timor-Leste ao tema “Samba de uma nota só”, fazendo ainda uma parceria com Anastácia Carvalho no tema “Luz dos olhos”.
Trazendo na voz o timbre e o calor das ilhas maravilhosas, Anastácia Carvalho cantou a música “Garota de Ipanema”. Fê-lo num momento em que o público já estava eufórico e totalmente convencido de como sonoridades provenientes de países e latitudes tão diferentes, podem convergir numa partilha grandiosa em homenagem aos 90 anos do cantor brasileiro.
Andrea e Liliana do Projecto Kaya (Portugal e Angola) viajaram entre o fado e o semba com um toque de modernidade dançante, numa versão inédita do tema “Desafinado” e logo em seguida, continuaram a energizar a plateia com “Água de Beber” convidando ao palco Karyna Gomes.
Conexão Lusófona/ Edgar Cardoso)
Karyna Gomes, uma das vozes mais proeminentes da nova geração de artistas da Guiné-Bissau, subiu ao palco para interpretar “Piano na Mangueira” e “Meditação”.
Neste último tema, o momento foi simplesmente mágico. A sua voz suave e os acordes do violão de bossa-nova fundiram-se com o virtuoso dedilhar da Korá virtuosamente tocada pelo músico guineense Galissa.
Nancy Vieira, de Cabo Verde, chegou e interpretou “Chega de Saudade”, com a mesma paixão que cantaria “Sodade” de Cesária Évora. Nancy Vieira, com o sabor a morna e batuco das “ilhas di morabeza” encantou o público interpretando também o tema “A Felicidade”…E sim… era esse certamente o sentimento de todos…a felicidade de estar a presenciar algo único.
Seguindo a filosofia de partilha, também a mais jovem promessa da música angolana, Totty S’a Med interpretou o tema “Correnteza” e arriscou num medley numa cadência daqueles semba angolanos, dos antigos, juntando “Brigas” e “Tristeza”. Terminou no mesmo ritmo, com uma poderozíssima interpretação de “Eu sei que vou te amar” convidando ao palco Orlanda Guilande.
Muito aplaudida pelo público, Orlanda Guilande mostrou a grandeza e o poder da voz moçambicana interpretando os temas “Vivo Sonhando” e “Ela é carioca”. Fez versões únicas e irrepetíveis cheias de sonoridades que nos transportavam por momentos para algum lugar bem dentro de África.
E todos estávamos vivendo um sonho, juntos por uma causa e uma singela homenagem a alguém que tanto continua a nos inspirar.
Coube à brasileira Nega Jacy, fazer o grande encerramento, chamando todos que já tinham pisado o palco, para juntos cantarem a famosa canção: “Águas de Março”. Não foram “as águas de março fechando o verão”, mas sim esta canção maravilhosa reproduzida por todos os cantores em coro e mais de cinco centenas de pessoas numa noite domingo, que encerrou o prelúdio de uma homenagem mais do que merecida.
A banda que permitiu toda esta magia acontecer foi composta por Marco Pombinho, na direção musical e teclados, Ivo Dias, no violão, Iúri Oliveira na percussão e Cícero Lee no baixo.
Um evento memorável construido em parceria com a Missão do Brasil junto à CPLP, Associação Cultural Gerador, a Junta de Freguesia de Campolide e a Câmara Municipal de Lisboa.
Para sempre, Antônio Carlos Jobim.