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Tom Jobim: “amor, o sorriso e a flor”

Um passeio pela Bossa Nova através de Tom Jobim: as lembranças do “amor, o sorriso e a flor” no verão carioca

No último dia 27 de janeiro, Tom Jobim (1927-1994) completaria 86 anos. O compositor, pianista e cantor foi um dos precursores da bossa nova, um dos gêneros musicais brasileiros mais conhecidos em todo o mundo. Considerada uma nova forma de tocar samba, a bossa nova foi criticada pela forte influência norte-americana, traduzida nos acordes dissonantes comuns ao jazz.

A letra das canções contrastava com as das canções de sucesso até então, abordando temas leves e descompromissados, definidos através da expressão “o amor, o sorriso e a flor”, que faz parte da letra da canção “Meditação“, de Tom Jobim e Newton Mendonça, e que foi utilizada para caracterizar a poesia bossa-novista. Outra característica foi a forma de cantar, também contrastante com a que se tinha na época: “desenvolver-se-ia a prática do ‘canto-falado’ ou do ‘cantar baixinho’, do texto bem pronunciado, do tom coloquial da narrativa musical, do acompanhamento e canto integrando-se mutuamente, em lugar da valorização da ‘grande voz’. Nesse contexto, João Gilberto tornou-se a grande referência da bossa nova por ter “inventado” a batida do violão. A nova batida podia ser ouvida na faixa “Chega de saudade” (Tom Jobim e Vinícius de Morais), música que conta com cerca de 100 regravações, realizadas por artistas brasileiros e estrangeiros no disco de Elizeth Cardoso “Canção do amor demais”, lançado em 1958, no qual João Gilberto gravou o acompanhamento de violão que caracterizaria a batida da bossa nova e que o tornaria conhecido no mundo inteiro (Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira ).

Diversas músicas de Tom Jobim fazem parte do repertório clássico da bossa nova. Dentre elas, “Desafinado” e “Samba de uma nota só”, compostas em parceria com Newton Mendonça, “Garota de Ipanema” e “Se todos fossem iguais a você”com Vinícius de Moraes, o “poetinha”, como meu pai dizia, e que se tornou a canção brasileira mais conhecida em todo o mundo, depois de “Aquarela do Brasil” (Ary Barroso), além de “Wave”, “Corcovado”,  “Samba do Avião” e “Luiza”, composições solo.

Ainda hoje, a obra de nosso grande Maestro continua viva e influencia várias gerações de músicos brasileiros. Alguns de seus objetos pessoais podem ser vistos pelo público em pleno verão do Rio de Janeiro no Instituto Antônio Carlos Jobim, sediado no Jardim Botânico, tradicional bairro da zona sul carioca, mais especificamente no parque, o “querido Jardim botânico”, como costumava dizer nosso Maestro, um dos seus mais ilustres apreciadores (em seus passeios pelo Jardim, Tom caminhava, conversava com os pássaros e costumava identificar as espécies de pássaros pelo seu canto, muitas vezes compondo entre as árvores do parque que abriga mais de 6 mil espécies da flora brasileira e estrangeira). Lá, o visitante poderá ver a exposição“Tom Jobim – Música e Natureza”. Com curadoria de Paulo Jobim e Elianne Jobim, filho e nora do compositor, a exposição mostra registros inéditos da sua trajetória de vida e produção artística, percorrendo as diversas fases de sua criação, por meio de fotos, painéis, projeções, manuscritos, partituras, móveis do seu estúdio de música e objetos pessoais, como o piano de armário da marca Weimar (exposto ao público pela primeira vez) – no qual Tom criou algumas de suas composições, o violão Di Giorgio, carinhosamente chamado por Tom de “Sinatra”, instrumento usado por ele na gravações com Frank Sinatra nos anos 1960, além de seu famoso chapéu.

Ah! Que falta vocês fazem meu maestro Antônio e meu pai Carlos. “Se todos fossem iguais a você” Jobim…

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