É bom saber que foi em território português, mais especificamente na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, que o setor da saúde conheceu mais uma evolução: as tatuagens eletrónicas que monitorizam a sua saúde. Na verdade, não foram só portugueses a contribuir para esta inovação. O produto é resultado de uma parceria entre a Universidade de Coimbra (UC) e a estadunidense Carnegie Mellon University (CMU), que juntaram uma equipa comum de investigadores dentro do Instituto de Sistema e Robótica (ISR) da UC para trabalhar neste projeto.
Através da impressão a tinta (inkjet), estas tatuagens simplificam o método de produção das mesmas e, simultaneamente, diminuem significativamente os custos dos dispositivos envolvidos. Além disso, estas também podem servir para controlar o painel do nosso automóvel – não é tão bom quanto a monitorização da saúde do utilizador, mas também dá jeito, não acham?
O gestor científico do projeto e também diretor do laboratório de “Soft and Printed Microelectronic” (SPM-UC) do ISR, Mahmoud Tavakoli, afirma que esta investigação permitiu encontrar uma forma simples e barata de imprimir circuitos condutores flexíveis com uma impressora 2D. Para isso, basta a projeção do circuito no computador e uma espera de 10 minutos. Os dois ingredientes que precisa de assegurar antes? Apenas a impressora e tintas auto condutivas. Com esta fórmula, a impressão está garantida e a magia acontece. O melhor é que, depois de impressas, estas tatuagens podem ser transferidas “para qualquer superfície“, esclareceu Tavakoli em comunicado.
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A aplicação do circuito na pele é igualmente simples, tal como a de uma tatuagem temporária: com água, facilmente são transferidas para a nossa pele ou roupa. É após este processo que a monitorização contínua da saúde do utilizador é possibilitada, desde as atividades muscular e cerebral até aos batimentos cardíacos, respiração, temperatura corporal e emoções. O objetivo, ainda segundo o coordenador do SPM-UC, é fazer com que estes pequenos desenhos desenvolvam uma crescente capacitação dentro do setor da saúde.
Essencialmente, esta investigação envolve duas grandes novidades (e não, não são as tatuagens eletrónicas): além de apresentar uma alternativa low cost para a produção destes circuitos – que, embora já existam, são normalmente sinónimo de grandes gastos em mão-de-obra, elevados custos de produção e meios restritos para o seu desenvolvimento, como salas laboratoriais especializadas) -, permite que estes sejam “elásticos”. “É a primeira vez que existe um método para imprimir circuitos que se podem esticar com uma tradicional impressora inkjet, à temperatura ambiente”, defendeu Tavakoli. Graças ao trabalho da equipa de investigação da UC e da CMU, o método agora inventado “elimina a necessidade de curar a tinta nas temperaturas altas, sendo assim compatível com vários tipos de plástico, o que nos permitiu criar circuitos ultrafinos, a que chamamos tatuagens eletrónicas”, rematou o investigador.
Estas tatuagens estão a ser desenvolvidas no âmbito do projeto Strechtonics que, segundo o comunicado divulgado, se trata de “uma das iniciativas de larga escala do Pograma Carnegie Mellon Portugal, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e coordenado pelo Professor Aníbal Traça de Almeida”. No futuro, espera-se que estes circuitos, compostos por nano partículas de prata revestidas com metal líquido, possam ser inseridas dentro da pele e do corpo humano, de forma a servir de apoio, ou até solução, para pessoas que, por exemplo, tenham lesões na medula espinal. Nesse caso, se a tatuagem eletrónica conseguir estimular e reativar os nervos que deixaram de funcionar, podemos estar a falar da recuperação total de uma pessoa que não consegue andar.
Veja o vídeo para entender o que se passou nos bastidores desta inovação e a variedade de aplicações que abrange.