Por Juliana Conti
O livro, através de vários narradores, trata da impossibilidade, na pós-modernidade, de construção de uma memória, visto que, em função do ritmo acelerado em que se vive hoje, ser impossível tratar cronologicamente qualquer percurso. O mote é um conjunto de diários a que vários personagens, narradores ou não, têm acesso, mas que não se realizam para o leitor. Eles são apenas citados.
Esse clima cria no leitor uma expectativa de que, a partir da leitura dos diários, tudo se resolverá, contudo não é o que acontece, porque, verdadeiramente, não são revelados conteúdos que digam respeito a Nina, personagem sobre a qual gira toda a narrativa.
Por exemplo, cite-se a possibilidade de, em um determinado momento da narrativa, o autor usar Nina como um espelho de seu pai, do qual ele sentia raiva por não ter expressado seus sentimentos e não ter sido carinhoso. A presença do pai era também questionada pelo filho, assim como a de Nina, por conta de muitos anos de ausência.
Ao longo da narrativa é fácil reconhecer os tempos a que se faz alusão. Ao passar seu momento de reencontro com Nina, o narrador retoma lembranças da época em que se conheceram. Isto é a motivação para que links relativos à família sejam feitos.
Sobre a autora: Apesar de Chilena, Carola Saavedra foi educada no Brasil e produz literatura brasileira da maior qualidade. Seu primeiro romance, Toda terça, foi publicado em 2007, e a partir daí sua produção não parou.