Será a Índia o próximo grande investidor estrangeiro em Moçambique?
A Sol Mineração Moçambique, cujo capital é controlado pelo grupo indiano Sunflag, vai começar a explorar depósitos de carvão mineral – para produção de aço e consequente geração de energia eléctrica – na província de Tete, já no próximo ano.
Esperança Bias, a ministra dos Recursos Minerais moçambicana à época em que o contrato (válido por 25 anos) para a exploração de carvão foi concedido à Sol Mineração Moçambique – em 2014 – afirmou nesse ano que o grupo indiano previa investir perto de 222 milhões de dólares nas operações de extração.
Em 2015, um outro consórcio indiano, a ICVL (International Coal Ventures Private Limited), anunciou a pretensão de investir cerca de 500 milhões de dólares em infraestruturas dedicadas à exploração de carvão em solo moçambicano. E em Janeiro de 2016 prometeu um investimento avaliado em 2 mil milhões de dólares para a construção de uma central eléctrica, bem como de um outro programa que pretendia explorar 13 milhões de toneladas de combustível nos próximos 3 anos.
Segundo o site Dinheiro Vivo, 25% do investimento indiano (8 mil milhões de dólares) em África foi aplicado em Moçambique nos últimos anos. As trocas comerciais entre as duas nações representam já os 2,4 mil milhões de dólares, segundo fonte da diplomacia indiana.
Em 2014, a Índia era o 16º país que mais contribuía para o peso do investimento externo em Moçambique. Um ano antes, a África do Sul liderava a lista dos principais investidores na economia moçambicana: gastou 159 milhões de dólares em projectos ligados à construção e ao sector mineiro. Em 2016, foi a vez da China assumir o papel de líder nos investimentos estrangeiros: o gigante asiático injectou 154 milhões de dólares, ultrapassando nesse ano a África do Sul (investiu 45 milhões de dólares).
O panorama económico está, no entanto, a mudar e a Índia tem vindo a ser uma presença assídua nos mercados de investimento em Moçambique. A concorrência da China é apertada – ainda nos primeiros 6 meses do ano passado despendeu cerca de 173 milhões de dólares na indústria moçambicana – mas os investidores indianos estão determinados a rentabilizar o potencial dos sectores estratégicos da economia do país (a Índia é neste momento o principal parceiro exportador).
A multinacional Sol Mineração Moçambique actuará no distrito de Mutarara, onde dispõe de uma área concedida para exploração de aproximadamente 4.000 hectares. O carvão a ser extraído deverá ser posteriormente exportado para o mercado indiano.
Para além da presença do carvão, a Administração de Mutarara reconhece que a zona é também rica em ouro, um metal valioso que se encontra neste momento a ser explorado por mineiros artesanais oriundos do Malawi e da RD do Congo. Segundo o director da multinacional, Ravibhusan Bhardwej, estima-se que na área de exploração desse distrito moçambicano existam cerca de 115 milhões de toneladas de carvão, das quais 45 milhões de toneladas poderão ser vendidas no mercado externo.
2019 promete ser um ano de renovação para a histórica relação comercial entre a Índia e Moçambique.
PS: o autor deste artigo obedece às regras do antigo acordo ortográfico.
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