(Imagem: Reprodução Baixaki)
A UE, tal como as suas diversas antecessoras, é um projeto continental de paz, estabilidade, desenvolvimento e solidariedade.
A alternativa a esta realidade, a este sonho, que se foi construindo ao longo das décadas que nos separam de 1945, deveria estar bem presente na nossa memória coletiva. Mas não está, ainda que muitos já não tenham vivido a II Guerra Mundial ou o perigoso e desafiante período da Guerra Fria.
A alternativa à guerra não se compadece com a “gestão corrente” feita “à martelada”, nem com alargamentos em série, tão em voga na primeira década deste século, que insuflaram na Europa uma falsa ideia de que tudo iria, fatalmente, correr pelo melhor.
A busca pela harmonia do todo não é para quem quer, para quem manda mais. É para quem pode. E ninguém parece ser capaz de poder.
O Projeto Europeu, mais do que extensão territorial e populacional deve, tem de ser construído com base nos aprofundamentos políticos e democráticos em primeiro lugar. Os buracos na bandeira de fundo azul e de estrelas amarelas existem, não são poucos e ameaçam aumentar.
O trágico espetáculo a que temos vindo a assistir, agravado desde 2010 pelas questões de intervenção financeira em diversos países da Zona Euro, é sinal evidente de indecisão, desnorte, de negligência e falta de coragem. Estes cinco anos representam tempo perdido.
E Portugal?
O nosso país, há 29 anos no “clube europeu”, pautou-se quase sempre pela obediência total aos ditames de Bruxelas. Desde os galheteiros em mesas de restaurantes às quotas de pescado anual.
E esta obediência resultou, não poucas vezes, em prejuízo. Humano e material. E, simultaneamente, à degradação de instrumentos necessários ao conhecimento e aproveitamento de uma das maiores e mais ricas janelas de oportunidade: o Mar.
A nossa localização é privilegiada, a nossa tradição marítima, excecional mas no entanto, o que dela retiramos é, ainda, pouco.
De pouco adianta entretermo-nos com discursos de circunstância sobre as potencialidades do Mar se não nos equiparmos e investirmos nos nossos recursos humanos e tecnológicos.
De pouco adianta entretermo-nos com discursos sobre a potencialidade da Língua se esta não é valorizada, no que tem de igual e diferente, e apenas discutimos uniformizações de eficácia e de objetivos duvidosos. Bem como desinvestimento no seu ensino. Sou chato, eu sei.
Possuímos dois cenários e duas ou mais oportunidades de mudança em meios que não a Europa per se, para nos distinguirmos pela positiva. Para demonstrarmos que, com base em património, história e política, lá está a Política, é possível fazer melhor!
A Comunidade de Países de Língua Portuguesa, à beira de completar 20 anos de existência, necessita de outros objetivos e ambições. De metas estipuladas e medidas através do concurso de todos os Estados-membros independentemente da sua dimensão política, do seu peso económico ou da sua localização geográfica.
Pode ser este o caminho para que a Lusofonia não caia numa “roleta russa” semelhante àquela em que a Europa está mergulhada.
A harmonia do todo é para quem sabe. E a Lusofonia é bem capaz de poder.