(Imagem: Rio 450 Danos)

Cansado de ver a violência ao seu redor, o designer carioca Fernando Amorim resolveu fazer interferências na logo comemorativa dos 450 anos do Rio de Janeiro. Assim nasceu Rio 450 Danos, uma série de ilustrações que ganharem repercussão na internet e que lembra o fato que nem tudo são motivos para celebrar.

Originalmente, a imagem comemorativa usa os números para formar um rosto que sorri. Nas mãos de Fernando Amorim, os números se transformam em situações cotidianas de todo o carioca.

A marca comemorativa aos 450 anos da cidade foi criada com o propósito de que os cariocas interagissem com ela, e Fernando viu uma oportunidade:

– Vi esse novo conceito de marca como uma oportunidade de mostrar situações cotidianas, interagindo sempre com a marca dos 450 anos para retratar um problema cotidiano de nossa cidade. Amo o Rio, sempre morei aqui, porém vejo um descaso que acredito não estar incomodando só a mim, mas todos que moram e amam essa cidade. Acho que devemos sim, celebrar os 450 anos, mas antes de qualquer festa, é preciso arrumar a casa – explica o designer.

As ilustrações alertam para a violência e para outros problemas enfrentados diariamente pelos cariocas, como o alto valor da energia elétrica e a falta de vagas nos hospitais da capital fluminense.

– A grande maioria das charges retratam situações que afetam todos os cariocas, como poluição das praias, alto preço dos imóveis, hospitais públicos cheios, trânsito caótico… Procuro sempre abranger não só o que acontece comigo e com meus próximos, mas também olhar para os problemas da cidade que estão mais distantes do meu cotidiano.

Para o designer, ainda que os “danos” retratados na série façam parte da rotina da cidade, não há como se acostumar com a situação.

– Faço muito o exercício de tentar entender o motivo de tanta violência na cidade e sinceramente ainda não consegui chegar a uma resposta concreta. Tenho a impressão que enquanto grande parte da população ficar sem acesso a educação de qualidade, moradia, saúde e um emprego que garanta suas necessidades básicas, a violência continuará a ganhar destaque nas manchetes dos jornais.