O jornalista norte-americano Nithin Coca passou seis meses a procurar formas de não utilizar nenhum produto da grande empresa de tecnologia Google, que hoje tem quase a hegemonia das buscas online. O motivo principal é a privacidade que, segundo ele, é constantemente ferida com a comercialização dos dados dos usuários. Essa lógica já havia sido denunciada anteriormente por Edward Snowden, em 2013, quando divulgou na imprensa internacional informações sobre o Prism, programa de vigilância dos Estados Unidos. A Google seria uma parceira do governo nesse programa.
“Eu não sou um especialista em tecnologia ou um programador, mas meu trabalho como jornalista requer que eu esteja longe de problemas de segurança e privacidades”, afirma Coca.
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Depois de ter deixado de usar Facebook e os produtos relacionados a ele, parecia uma tarefa fácil no início. Mas, segundo descreveu em um artigo, a tarefa provou-se mais difícil do que pensava.
“O Facebook possui apenas algumas plataformas e deixá-las é mais uma questão de mudança psicológica do que realmente uma dificuldade. A Google, entretanto, está incorporada em todo lado. Não importa qual laptop, smartphone ou tablet você tem, as probabilidades são de que você tenha pelo menos uma aplicação da Apple ali. Google é sinonimo de busca, mapas, email ou browser, além do sistema operacional na maior parte dos Smartphones. Ela até mesmo permite serviços e análise das quais outras aplicações e websites dependem, como o uso do Google Maps pela Uber para operar seu serviço”, destaca o jornalista.
Apesar das dificuldades – e de algumas serem pagas -, Coca conseguiu e compartilhou sua experiência. Algumas das alternativas, segundo ele, funcionam ainda melhor que as da Google. Jitsi Meet requer menos banda larga e é mais amigável que Hangout. Firefox é mais estável e usa menos memória que Chrome. E o calendário da Fastmail tem uma melhor área de integração. Veja abaixo outras iniciativas que ajudam a fugir do monopólio da Google.
Mecanismo de Busca
DuckDuckGo e Startpage são ferramentas de busca que não coletam dados pessoais. Juntos eles conseguem dar conta de tudo o que a Google faz, em termos de busca.
Outras alternativas: não há muitas, já que a Google tem 74% do mercado global e o restante que não possui deve-se, maioritariamente, ao bloqueio da China. Há menores como Ask.com e Bing.
Chrome
Mozilla Firefox — recentemente o browser teve um grande upgrade, que foi uma melhoria em relação a versões anteriores, e é criado por uma fundação não lucrativa que trabalha ativamente pelos direitos de privacidade, segundo o autor. Outras alternativas: Brave. E uma dica é sempre evitar Ópera e Vivaldi, pois eles usam Chrome como base.
Hangouts e Google Chat
Jitsi Meet — um software livre, ou seja, uma alternativa grátis ao Google Hangouts. Você pode usar diretamente de um browser ou baixar a aplicação. É rápida, segura e funciona em quase todas as plataformas.
Outras alternativas: Zoom se tornou popular nos espaços profissionais, mas requer que você pague pela maior parte dos recursos. Signal é outra: um software livre, uma aplicação segura de mensagens, que também tem uma função de chamadas (apenas em telemóveis). Dica: Evite Skype.
Google Maps
Desktop: Here WeGo — é mais rápido e pode encontrar quase tudo que Google Maps encontra. Por alguma razão, falta alguns países, como o Japão.
Mobile: Maps.me — Tem, inclusive, funcionalidade offline melhor que o da Google.
Outras alternativas: OpenStreetMap – é um projeto que o autor apoia fortemente, mas destaca que o funcionamento estava com falhas.
Fácil, mas não grátis
O fato de muitos serviços da Google serem grátis é porque eles monetizam seus dados. Para alternativas a essa monetização, portanto, é preciso que os sites cobrem os usuários. Na lógica do autor, é como quando enviava-se cartas e era preciso pagar por selos. “Essencialmente, esse é o custo de um e-mail privado ou calendário. Não é tão mal”.
Gmail
ProtonMail — fundado por cientistas do CERN, é baseado na Suíça, um país com fortes medidas de proteção de dados. O que o fez se diferenciar de outros é sua interface intuitiva, similar ao Gmail, e não precisar saber algo sobre segurança ou privacidade para usá-lo. A versão grátis dá 500MB de espaço, mas é possível obter uma versão paga com mais capacidade.
Outras alternativas: Fastmail . Também há Hushmail and Tutanota, ambos com recursos similares ao ProtonMail.
Calendar
Fastmail Calendar — Google Calendar se tornou tão universal que start-ups nem se preocupam em criar alternativas. No entanto, esta é uma boa opção.
Mais técnicos
Esses requerem algum conhecimento mais técnico ou acesso ao seus web host.
Google Docs, Drive, Fotos e Contatos
NextCloud — seguro, livre, intuitivo, com interface amigável. A questão é que é preciso ter seu próprio host para usar NextCloud. É também preciso um certificado HTTPS, o qual pode conseguir de graça pelo Let’s Encrypt. um sugestão é usar NextCloud para guardar fotos e contatos, sincronizando com o telefone por meio do CalDev.
Outras alternativas: Software Livre como OwnCloud ou Openstack, ou algumas pagas, como Dropbox e Box.
Google Analytics
Matomo — conhecido por Piwic, não é tão rico quanto Google Analytics, mas é composto de dados úteis para entender o tráfico do website, com a vantagem de que não cederá seus dados para a Google.
Outras alternativas: OpenWebAnalytic e algumas iniciativas menores como GoStats e Clicky.
Android
LineageOS + F-Droid App Store. Infelizmente o mundo dos Smartphones virou um duopólio, com Android, da Google, e iOS, da Apple. Alternativas como Blackberry OS ou Mozilla’s Firefox OS não foram mantidas. Resta Lineage OS, de software livre que pode ser instalada sem Google. São necessários alguns conhecimentos técnicos para a sua instalação, mas funciona bem e deixa de lado alguns componentes inúteis que geralmente vêm com Instalações Android.
Outras alternativas: Dois novos prometem ser grandes alternativas: PureOS e UbuntuTouch.