Quem será o próximo Secretário Executivo da CPLP?
A escolha do próximo Secretário Executivo, que na prática atua como líder da CPLP, esteve envolta em polémica, com Portugal e São Tomé e Príncipe a reclamarem o direito de indicar o sucessor de Murade Murargy, cuja aprovação deve ser feita por unanimidade dos Estados.
Em março, na 14ª reunião do conselho de ministros extraordinário da CPLP, os chefes da diplomacia da organização lusófona decidiram que o próximo mandato será de quatro anos, sendo que a primeira metade caberá a São Tomé e Príncipe e a segunda metade será assumida por Portugal.
Oficialmente, entretanto, nada se sabe sobre os nomes que poderão ocupar o cargo. Vislumbram-se cinco candidatos ao cargo de topo da organização que reúne países de língua oficial portuguesa, a ser votado na cimeira que vai decorrer no Brasil, ainda sem data definitiva.
No ano em que a instituição comemora os seus 20 anos, espera-se um líder que com protagonismo guie a implementação do ambicioso plano estratégico que tem sido construído e ditará o futuro da organização.
Nos corredores, o que se pergunta é: quais serão os nomes indicados por cada um dos países? A resposta final tem estado no segredo dos deuses, mas existem alguns palpites fortes sobre os eventuais nomes para suceder o embaixador moçambicano Murade Murargy.
Maria do Carmo Trovoada Pires de Carvalho Silveira é o nome de vulto em São Tomé e Príncipe, quando se fala do próximo rosto em nome do país na CPLP. Ex-primeira-ministra e atual governadora do Banco Central de S. Tomé e Príncipe, deve ter a indicação anunciada oficialmente em breve, e o próprio Murargy afirmou em entrevista à Lusa que o nome já foi abordado nas reuniões internas da organização.
Saliente-se que desde a fundação da organização em 1996, a CPLP já teve cinco secretários executivos e vários secretários-adjuntos, mas até o momento só teve uma única mulher ocupando o cargo principal, entre 2000 a 2002, função que foi exercida pela brasileira Dulce Pereira. Maria do Carmo poderá ser a segunda mulher a assumir as funções de liderança na organização mais relevante da congregação dos países de língua portuguesa.
Já em Portugal, o cargo é apetecível, se considerarmos a quantidade de nomes que circulam.
O nome de Vitor Ramalho, atual secretário-geral da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) surge a liderar a lista dos cotados. Mas rosto da UCCLA não está só: o embaixador Francisco Seixas da Costa foi também um dos nomes apontados pela imprensa, rejeitando no entanto qualquer pretensão para o cargo, enquanto que Ramalho, questionado pelo Observador, limitou-se a pronunciar que ainda não lhe chegou qualquer convite.
Neste xadrez político-diplomático foram apurados ainda outros dois nomes que não devem ser descartados: Mônica Ferro e José Ribeiro e Castro. Em ambos os casos, são figuras que além da ligação e conhecimento do espaço lusófono, enquadram-se nos requisitos exigidos para o cargo: a obrigação de ter um “perfil político ou ser um diplomata de carreira”.
Confira o perfil dos nomes apontados como possíveis candidatos ao cargo:
Maria do Carmo Trovoada Pires de Carvalho Silveira
Governadora do Banco do Central de São Tomé e Príncipe desde 2011, a macro-economista exerce cargos de destaque na estrutura do Estado há quase 30 anos.
Em 2005 tornou-se a segunda mulher a assumir a liderança enquanto primeira-ministra do país, posto ao qual juntou também a função de ministra Finanças por via de acumulação de cargos, até abril de 2006. Desempenha também a função de presidente do Fórum da Mulher são-tomense.
José Ribeiro e Castro
Advogado, político e jornalista português, foi deputado e secretário de Estado. Na Assembleia da República, foi presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros e da Comissão de Educação, Ciência e Cultura. No Parlamento Europeu, trabalhou na Comissão de Desenvolvimento e na Subcomissão de Direitos Humanos, além de membro activo da Assembleia Parlamentar Paritária UE/ACP. Deveu-se ao seu trabalho como deputado europeu o rápido acolhimento da Parceria Especial UE/Cabo Verde, consagrada em 2007. É comentador habitual na rádio e TV e colunista em vários jornais, focando frequentemente as suas intervenções na comunidade de língua portuguesa. Foi líder do CDS em 2005/07.
Mónica Sofia do Amaral Pinto Ferro
A deputada portuguesa, durante a XII Legislatura (2011-2015), foi Vice-Presidente do Grupo Parlamentar do Partido Social Democrata; Membro da Comissão de Defesa Nacional, da Subcomissão da Igualdade, da Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas e da Comissão de Ética, Cidadania e Comunicação Social. Foi também membro dos Grupos Parlamentares de Amizade com a Guiné-Bissau e Timor-Leste e membro suplente da Delegação da AR à Assembleia Parlamentar da NATO. Foi, ainda, Coordenadora do Grupo Parlamentar Português sobre População e Desenvolvimento. Também em 2015, foi Secretária de Estado Adjunta e da Defesa Nacional.
Atualmente, é Vice-Presidente do Fórum Europeu de Parlamentares para a População e Desenvolvimento, tendo sido a primeira portuguesa eleita para o cargo. É Madrinha da Campanha Juntos contra a Fome da Comunidade de Países de Língua Portuguesa e colabora regularmente em ações de formação, conferências e outros eventos sobre Cooperação para o Desenvolvimento, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e Igualdade de Género.
Vitor Manuel Sampaio Caetano Ramalho
Nasceu em Angola, em 1948, é o atual secretário-geral da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA). Já ocupou diversos cargos de relevância, como secretário de Estado do Trabalho, consultor da Casa Civil do presidente da República, secretário de Estado adjunto do ministro da Economia, presidente do Grupo Parlamentar de Amizade Portugal-Angola, presidente da 11.ª Comissão da Assembleia da República e Presidente do Núcleo Nacional do Fórum dos Parlamentares de Língua Portuguesa. Foi também presidente da INATEL e vice-presidente da Cruz Vermelha Portuguesa.
Sem comentários
This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.