(Imagens: Divulgação Lata 65)
É comum ouvirmos o comentário “imagina isso nas mãos de uma criança”, mas e se aplicássemos a máxima a idosos? Do que seu avô ou avó seriam capazes com uma lata de tinta e aulas de graffiti?
A Organização sem fins lucrativos Lata 65 está sediada em Lisboa e, desde 2012, já apresentou a arte “transgressora” do graffiti a mais de cem idosos. No projeto, são realizados workshops (segundo a organização, já foram sete) ministrado por alguns dos melhores artistas urbanos da atualidade.
Dentre os objetivos dos workshops está aproximar os “menos jovens” a uma forma de expressão habitualmente associada aos mais novos e demonstrar que a arte urbana tem o poder de fomentar, promover e valorizar a democratização do acesso à arte contemporânea, pela simplicidade e naturalidade com que atinge as mais variadas faixas etárias.
Em entrevista exclusiva à Conexão Lusófona, Lara Seixo Rodrigues, uma das fundadoras e coordenadora do projeto, contou como é o perfil de participantes e destacou a história que mais a marcou nestes três anos de ação.
Segundo a coordenadora, cerca de 90% dos participantes são mulheres. Deste grupo, ela destaca Luísa Cortesão, uma médica de 65 anos que participou do primeiro grupo, em 2012, e “nunca mais parou de pintar na rua”. Nas palavras de Lara:
– Ela não tinha qualquer formação artística, hoje ajuda a dar formação nos encontros, recebe convites de outros artistas, faz os próprios moldes de stencil e já foi até apanhada pela polícia enquanto grafitava! Os policiais ficaram sem reação quando se notaram que se tratava de uma senhora a pintar…
Prova do talento desta senhora é a sua página no facebook, onde ela registra todas as obras e participações em murais. Pelas suas mãos, figuras fantasiosas como fadas e bruxinhas ganham os muros da cidade.
Para os próximos meses, o projeto toma a estrada em mais quatro workshops:
– Neste verão estaremos numas aldeias de Castelo Branco nos dias 19 a 21 de junho, no Festival das Aldeias Artísticas. Em julho, de 22 a 28, iremos estar em três aldeias de Montemor o Velho, uma acção das juntas de freguesia de Verride, Abrunheira e Reveles – destacou Lara.
LATA 65 é uma iniciativa para idosos no âmbito da arte urbana, na sua gênese desenvolvida pelo Coworklisboa em parceria com o Wool – Festival de Arte Urbana da Covilhã.
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