Presidente de Portugal faz visita ‘low cost’ ao Brasil e ignora Temer
A atitude que o ex-comentarista de televisão Marcelo Rebelo de Sousa tem adotado à frente do Governo de Portugal tem chamado a atenção pela simplicidade de seus atos. É esse estilo que ele leva ao Brasil esta semana, onde permanece por seis dias com uma agenda que inclui a abertura dos Jogos Olímpicos, encontros com representantes da comunidade portuguesa e, possivelmente, até atividades familiares – já que Nuno, filho do presidente, reside em terras tupiniquins. Mas a agenda não prevê encontros com integrantes do governo interino de Michel Temer. Uma conversa entre os dois só será possível se o acaso colaborar durante os momentos pré ou pós-abertura dos jogos, momento em que os presidentes ocuparão o mesmo recinto.
“Além de participar da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos 2016, no Rio de Janeiro, em 05/08, o Presidente cumpre agenda de encontros junto às comunidades luso-brasileiras do próprio Rio, além de São Paulo e Recife“, diz a agenda presidencial divulgada, sem fazer nenhuma referência a encontros políticos. Marcelo Rebelo de Sousa chega no Rio de Janeiro nesta quarta-feira, 3 de agosto, e retorna à Portugal na próxima quarta-feira, dia 10.
Eleito no início do ano, Marcelo Rebelo de Sousa comanda um governo austero. Na viagem ao Brasil, por exemplo, a comitiva não inclui nem empresários, nem outros políticos portugueses. Segundo fontes do governo, acompanha o presidente apenas quem é indispensável. Ele estará junto com a equipe de Portugal nas Olimpíadas e participará da abertura dos Jogos. Esse é o ponto alto da viagem do presidente que foi visto comemorando como qualquer torcedor o recente título de Portugal na Eurocopa.
A ausência de encontros bilaterais é explicada com uma possível visita programada para novembro com essa finalidade. A ideia, dessa vez, é fazer uma agenda mais cultural. Está prevista apenas uma reunião com o governador em exercício do Rio de Janeiro, Francisco Dornelles, já que será no Palácio da Guanabara que o presidente será recebido pela comunidade portuguesa que residente na capital fluminense.
O presidente português também visitará São Paulo e o Recife para se reunir com portugueses que vivem nessas duas cidades. Na capital financeira do Brasil, Rebelo de Sousa será recebido por empresários. Ele também terá um encontro (à primeira vista, uma reunião formal) com o filho mais velho, Nuno Rebelo de Sousa, que é presidente da Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio do Brasil.
Na quarta-feira, ele fará a entrega da bandeira da República Portuguesa ao velejador João Rodrigues em cerimônia a ser realizada no Rio de Janeiro, já que este será o porta-estandarte do país nas Olimpíadas. No mesmo dia, Marcelo visitará a exposição “Leopoldina, Princesa da Independência das Artes e das Ciências” no Museu de Arte e, depois, conhecerá o Museu do Amanhã, tudo na capital fluminense.
No dia seguinte, quinta-feira, acontecerá o encontro com os 92 atletas da delegação do país para os jogos. A agenda do presidente prevê ainda que ele assistirá ao jogo Portugal x Argentina.
A agenda cultural continua em São Paulo, onde Rebelo de Sousa vai inaugurar uma exposição sobre a fadista Amália Rodrigues chamada “Saudades do Brasil em Portugal” no Consulado Geral de Portugal e será recebido por representantes da Câmara de Comércio local. No Recife, o presidente visitará o Hospital Beneficência Portuguesa e terá um momento com a comunidade lusa na cidade antes de regressar a Portugal.
Fontes consultadas em off pela Agência Sputnik dizem que o âmbito político, definitivamente, não fará parte da viagem. Um possível encontro com representantes do governo interino só vai acontecer, dizem, durante a abertura dos jogos, sem formalidades. No entanto, nenhuma das fontes justifica a ausência da agenda política pelo fato do governo de Temer ser considerado golpista por muitos portugueses. Há no país uma pressão para que tanto o presidente quanto o primeiro-ministro, António Costa, se manifestem em repúdio ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Até agora, no entanto, nenhuma ação foi tomada nesse sentido. O governo português prefere o confortável lugar de observador enquanto a crise política da ex-colônia não parece estar perto do fim.
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