(Imagem: Reprodução mochileiro.tur.br)
Num período em que se discute a extinção de diversas línguas indígenas, um índio acriano enfrentou preconceitos e dificuldades e se tornou doutor em Linguística pela Universidade de Brasília.
Joaquim Paulo de Lima Kaxinawá, mais conhecido como Joaquim Maná, defendeu a tese “Para uma gramática da Língua Hãtxa Kuin” em dezembro passado e se transformou o primeiro índio no Brasil a receber o título de doutor em linguística pela Universidade de Brasília (UnB), e também foi o primeiro a escrever uma tese de doutorado sobre sua língua nativa.
Joaquim nasceu no município acriano de Tarauacá, na terra indígena Praia do Carapãnã. Ele só foi alfabetizado na língua portuguesa aos 20 anos de idade em um programa alternativo coordenado pela Comissão Pró-Índio do Acre. Fez o magistério indígena no estado e graduação em um curso intercultural indígena na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. O mestrado e o doutorado foram feitos na UnB.
Para ele, um dos maiores desafios durante o doutorado foi a indisponibilidade de outras pesquisas sobre a língua de seu povo, além de não encontrar trabalhos feitos em português. Ele ressaltou que muitas pesquisas foram escritas em inglês, alemão, francês, espanhol, e não foram apresentadas ao povo, ficaram guardadas.
O doutor Joaquim acredita que a tese em si não pode provocar muitas mudanças. Mas ele espera que sirva de exemplo para a formulação de um programa de ensino na língua nativa dos diferentes povos do país.
Outros dois doutores indígenas devem sair da UnB nos meses de fevereiro e maio de 2015. Os estudantes se espelham em Joaquim, que deve voltar para a Terra Indígena Praia do Carapãnã, no Acre, para reforçar o ensino da língua Hãtxa Kuin do povo Huni Kuín.
Leia mais:
>>> Indígenas receberão mais de 13 milhões de reais para promover a sustentabilidade
>>> Universidade brasileira forma sua primeira turma composta só por índios