‘Panama Papers’ em português: O magnata de Vouzela
Depois de Angola o nosso périplo pelos arquivos dos Panama Papers com relações com a lusofonia, leva-nos à Europa, mais particularmente, a Portugal.
Segundo o mapa interativo há em Portugal 244 empresas, 34 beneficiários e 255 acionistas referenciados nos arquivos da Mossack Fonseca, mas o número que para já nos interessa é outro. Falamos dos 23 clientes da empresa.
De todos estes, por agora, apenas foi revelado o nome de um, o empresário Idalécio de Castro Rodrigues de Oliveira.
Foi o Jornal Público que melhor traçou do perfil do empresário de 60 anos conhecido como “O Magnata” na aldeia do Carregal do Sal, no distrito de Viseu, onde é proprietário, entre várias coisas, de um espaço de turismo rural em Paços de Vilharigues, Vouzela, mandado construir há mais de 20 anos com um custo superior a quatro milhões.
Ainda segundo o jornal, foi casado com uma sobrinha de José Eduardo dos Santos, o Presidente de Angola, país onde ainda tem empresas, e uma filha fruto desse casamento.
Teve uma empresa de agropecuária que já faliu, e é sócio, juntamente com um filho e o irmão, de uma empresa que comercializa peças de automóveis.
Atualmente, é casado com Helena de Oliveira, a dona da Quinta do Fontelo, um retiro turístico de luxo em Vouzela e reside no Rio de Janeiro. E são os seus negócios no Brasil que o põem na mira dos Panama Papers.
Tudo porque Idalécio de Castro Rodrigues de Oliveira foi dono da Lusitania Group, um grupo empresarial com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, que entre 2003 e 2011 contou com 14 empresas.
O grupo dedicava-se quase em exclusivo à exploração de campos de petróleo, gás natural e minérios, e em 2011 vendeu à Petrobrás metade dos direitos de exploração de um campo petrolífero no Benim, na costa oeste africana.
Num outro artigo, o mesmo Jornal Público relata que 12 das 14 empresas do grupo só foram criadas por altura da conclusão desse negócio com a gigante brasileira.
Uma vez que todos os negócios da Petrobrás já estavam sob investigação judicial, as empresas do português que tiveram envolvimento no negócio entraram no radar das autoridades brasileiras.
A Polícia Federal detetou uma transação de 8,8 milhões de euros da conta de Idalécio de Castro Rodrigues de Oliveira para uma conta na Suíça pertencente a João Augusto Rezende Henriques, uma figura ligada ao PMDB, o maior partido brasileiro.
A intermediária da transação foi a Mossack Fonseca, que para isso usou uma empresa registada nas Ilhas Seychelles, a Acona International Investments Limited.
Já confrontado com este facto em inquérito policial, João Augusto Rezende Henriques confessou que uma parte daquele dinheiro, cerca de 1,5 milhões de euros, se destinava a Eduardo Cunha, o Presidente da Câmara dos Deputados do Brasil, e que foi transferida para uma conta deste na Suiça.
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