Segundo um relatório da Rede Global de Mulheres Construtoras da Paz, apoiado pela ONU Mulheres, a participação do sexo feminino em acordos de paz aumenta em mais de um terço a probabilidade de estes durarem mais de dois anos. Os resultados do estudo – sustentado pela recolha de dados e de informação em mais de 40 países – foram apresentados em Nova Iorque.
“As pesquisas mostraram que quando as mulheres participam nas negociações dos acordos de paz, estes detêm 35 % de probabilidade de durarem mais do que dois anos. A durabilidade da paz aumenta quando o sexo feminino participa”, admitiu Agnieszka Fal-Dutra Santos, coordenadora de programas e de políticas de consolidação da paz, à ONU News.
As conclusões foram obtidas depois da distribuição de 1000 inquéritos por mulheres, espalhadas por cerca de 40 países. Ucrânia, Paquistão e República Democrática do Congo são apenas alguns dos exemplos. A par dos questionários, foram promovidas 40 discussões sobre a temática, envolvendo grupos de debate de mais de 15 países. Rapidamente chegou-se à conclusão de que a manutenção da paz exige muita complexidade, transcendendo o término de conflitos.
“É claro que sustentar a paz não significa apenas acabar com a guerra, explicou Agnieszka Fal-Dutra Santos, acrescentando que “também significa a promoção dos direitos humanos, do desenvolvimento económico e dos direitos das mulheres. Deste modo, o trabalho com o sexo feminino inclui todas estas abordagens, visando aumentar o apoio dos governos em todas estas problemáticas”.
Além de estatísticas que comprovam a eficácia do envolvimento feminino nos acordos de paz, o relatório também apresentou uma série de sugestões que visam melhorar a participação do mesmo nas esferas de decisão. Disponibilizar mais fundos para as organizações femininas a longo prazo – já que a paz é um trabalho que precisa de tempo – é um dos objetivos destacados. “Não podemos perceber a paz como um projeto provisório e distribuir fundos apenas para um, dois ou mesmo cinco anos. Para os países que apoiam os processos de paz, como é o caso da Síria ou do Sudão do Sul, estes devem exigir a participação das mulheres nos mesmos, referindo que as negociações só serão começadas se o sexo feminino estiver envolvido”, realçou Agnieszka Fal-Dutra Santos.
Foi também criada, pela ONU Mulheres e outras instituições, a rede Mulheres Jovens para a Paz e Liderança. Este projeto pretende formar várias jovens de diferentes países em conflitos, tornando-as líderes nas suas comunidade. Para o futuro, ficam os votos de uma participação política mais pacífica, onde a junção dos esforços caminhará numa única direção: a igualdade de género.