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Número de negros mortos no Brasil é igual à população da Islândia

Nos últimos oito anos, o número de negros vítimas de homicídio no Brasil equivaleu à população da Islândia. Se o cenário se manter, em cerca de 50 anos os números poderão representar a população da Eslovênia, que é composta por mais de 2 milhões de pessoas.

 

A comparação foi feita pelo site Alma Preta e se trata de uma releitura dos dados do Atlas da Violência de 2017, uma pesquisa realizada anualmente pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Somente nesse ano, morreram mais de 59 mil negros. O Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM) alerta para a necessidade de se refletir sobre os fatos.

 

Diana Alves, advogada e coordenadora do departamento de justiça e segurança pública do IBCCRIM, salientou que os dados mostram um aumento das situações de racismo e processos antinegros criados pelo Estado.

 

“As práticas de genocídio, em vez de se constituírem como uma exceção, são de fato parte de uma marca contínua do Brasil e da diáspora negra”, disse ela para o site. No Atlas da Violência é também possível ver que os negros representam a maioria dos grupos com maiores chances de serem vítimas fatais em diversas situações.

 

Os dados do IPEA de 2018 são ainda mais avassaladores. As maiores taxas de homicídios de negros encontram-se nos Estados brasileiros de Sergipe (79,0%) e do Rio Grande do Norte (70,5%). Os números mostram ainda que entre 2006 e 2016 as taxas de homicídios de negros cresceu 23,1%.

 

“A conclusão é que a desigualdade racial no Brasil se expressa de modo cristalino no que se refere à violência letal e às políticas de segurança. Os negros, especialmente os homens jovens negros, são o perfil mais frequente do homicídio no Brasil, sendo muito mais vulneráveis à violência do que os jovens não negros”, explica o documento do IPEA.

 

As mulheres negras também têm taxas altas de homicídios. Em 2016, mais de 4,5 mil mulheres perderam a vida no Brasil. A taxa representa 4,5 mulheres assassinadas a cada 100 mil brasileiras. Nos últimos dez anos, esse número subiu 6,4%.

 

Para Diana, isso é um resultado da ausência de políticas sociais e do aumento da força policial. Ela chama atenção ainda para as propostas adotadas no governo de Michel Temer, como a PEC 55-2016, que visa limitar os gastos públicos.

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