Mulheres que voam
Março está quase de partida e só ao escrever este artigo me apercebo do quão especial este mês pode ser. É o mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher e o recentemente instituído, Dia Internacional da Felicidade. É o mês que nos trás de volta a Primavera e nos aproxima da liberdade.
Março é por tudo isto, um mês inspirador e propício à reflexão.
Entre flores e sorrisos, sigamos viagem e falemos de mulheres!
Há uns dias a esta parte assisti a um vídeo, de curta duração, que enunciava alguns dos momentos mais marcantes e decisivos na história (das mulheres). E dei por mim a pensar: “Bolas, já conquistámos tanto. Já chegámos tão longe!”
Mas como por natureza sou mulher de só estar bem onde não estou, lá me saiu um “ainda não é suficiente”.
Enquanto uma mulher for privada da sua liberdade intelectual, física e sexual; Enquanto uma mulher morrer às mãos daquele a quem prometeu amar até à morte; Enquanto uma mulher se sentir constrangida a abraçar uma qualquer profissão ou desporto, receosa do que os outros irão pensar e sobre si falar; Enquanto uma mulher para conquistar o respeito de homens que lidera e com quem exerce funções, tiver de ser o menos feminina possível, para não permitir avanços indesejáveis;
Enquanto uma mulher for social e publicamente criticada e condenada por se desviar do padrão e não aceitar o papel social que alguém um dia lhe atribuiu, Enquanto uma mulher vítima de crime for tratada, não como vítima, mas como provocadora do seu estatuto de vítima; Enquanto o comprimento de um vestido e o rasgar de um decote ditarem a mulher que somos; Enquanto a nossa sensibilidade for conotada como fraqueza e enquanto nos sentirmos mutiladas na nossa essência, teremos mais que motivos para dizer que “ainda não é suficiente”.
É inegável, que as mulheres nunca tiveram tantos direitos consagrados, numa extensão espantosa, da família ao trabalho. Porém, por melhor intenção que se tenha, nem tudo se impõe por decreto e por conseguinte são recorrentes as violações aos Direitos das mulheres.
Muda-se a lei, não se mudam as mentalidades. E hoje, é acima de tudo essa a luta das mulheres. Uma luta de palavras, de revolução mental. Uma luta interior que cada uma tem de travar consigo própria, antes de não calar a voz.
Por isso, e antes de mais, celebremos matrimónio primeiro e sobretudo connosco próprias, juremos amar-nos e respeitar-nos todos os dias das nossas vidas, nas virtudes e nas fragilidades, nos erros e nas vitórias, até ao dia em que seremos demasiado livres para voar e para não permitir nem mais um “enquanto”.
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