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Mulheres indígenas contam como praticam o aleitamento

(Imagem: Divulgação INSS/AM)

O aleitamento materno é uma prática comum nas comunidades indígenas do Brasil. Segundo o médico de família Nilson Massakazu, as populações indígenas ribeirinhas e rurais têm a prática da amamentação mais enraizada que no ambiente urbano.

Na Semana Mundial do Aleitamento Materno, a Radioagência Nacional entrevistou mulheres indígenas, que contam como é a rotina da alimentação dos bebês nas aldeias, e especialistas que dão dicas para incentivar o aleitamento.

– Quando a bebê está mamando, a gente se sente tranquila mesmo, porque ela está se alimentando, né?

Relerenciana de Souza, indígena do povo Macuxi, de Roraima, sabe bem o que é mais adequado para a filha. O leite materno é o melhor alimento que ela poderia oferecer para sua criança, de apenas nove meses. É gratuito, forte e com anticorpos para proteção contra diversas doenças.

O manual sobre a saúde da criança indígena, disponibilizado há pouco mais de dez anos pela Fundação Nacional de Saúde, reforça que o aleitamento materno exclusivo é muito eficaz na prevenção de doenças respiratórias e diarréicas. Essas enfermidades são as principais causas de mortalidade infantil indígena.

O documento também aponta que a maioria das índias não apresenta dificuldade para amamentar, dado que é reforçado pelo médico Nilson Massakazu, que trabalha com medicina de família e comunidade no Amazonas. Para ele, as populações indígenas ribeirinhas e rurais têm a prática do aleitamento mais enraizado que as populações urbanas.

– A população indígena, tradicionalmente, ela tem a amamentação como algo bem mais forte do que a gente aqui da área urbana. Então, tradicionalmente, ela acaba amamentando a criança não só nos seis meses que hoje a gente recomenda, mas durante um tempo bem maior. A população acho que rural, em geral, a gente comparando com a população da cidade, acaba tendo essa prática muito mais arregada do que aqui na cidade – explica.

Seguindo a tradição do povo Macuxi, em Roraima, Relerenciana pretende amamentar a filha até os dois anos de idade. Já no Mato Grosso, o filho de Cida Bororó mamou até os seis anos. A indígena ressalta que a mulher sabe a hora certa de alimentar o bebê.

– Tem mãe que vai para a roça e a criança fica na casa. Aí a gente está trabalhando de boa e o leite começa a sair sozinho, né? Aí já sabe que o neném está com fome. Aí volta, dá de mamar e realmente a gente já chega em casa e o neném já está chorando mesmo.

Mas muitas mães indígenas e não indígenas ainda têm dúvidas quanto ao aleitamento correto. Inchaços e feridas nos seios às vezes desencorajam as mães a amamentar, como lembra Relerenciana:

– Tem mães que ficam com os seios tudo inchados assim, ponta vermelha, e não deixam a criança mamar. Aí dão mamadeira. Mesmo sendo ferido, ela tem que dar.

De acordo com a enfermeira especialista em saúde materna infantil, Auricleide Barros, a fala de Relerenciana de Souza está correta. Dar o peito é sim o melhor remédio.

– Ela não pode interromper e, na verdade, o que ela pode estar fazendo? Quando ela termina a mamada, ela pode pegar esse leite, esse próprio leite, e passar no bico do seio que fica rachado. Não se recomenda cremes ou pomadas. O correto seria passar o próprio leite no bico do seio e promover a pega correta. Se ela promover a pega correta da aréola toda, as dores vão diminuir.

E para incentivar a amamentação, mães e profissionais de saúde concordam em mais um ponto: além dos nutrientes e da proteção contra doenças, o aleitamento é um ato de amor, pois fortalece o vínculo entre mãe e filho por toda a vida.

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