Chama-se Dom Jaime Gonçalves e foi um dos precursores da paz em Moçambique, tendo sido negociador durante o processo que culminou com a assinatura dos acordos gerais de Roma, a 04 de Outubro de 1992. Arcebispo emérito Beira (Sofala), Dom Jaime Gonçalves padecia de problemas de saúde nos últimos dias e não resistiu. Perdeu a vida na madrugada do dia 6 de Abril, na Clínica Avicena, na cidade da Beira.
Uma das últimas aparições públicas de Dom Jaime Gonçalves foi para abordar a actual tensão político-militar que assola Moçambique – ele criticava a forma com que os políticos estavam a gerir a crise. Defendeu na altura que o entendimento de Roma ainda é a solução para os conflitos no país e deve ser revisitado pela igreja, quando Moçambique vive uma nova crise política e militar.
Para Jaime Gonçalves, os acontecimentos recentes em Moçambique deixaram claro que “o Acordo de paz não está a ser praticado pela Frelimo”, argumentando que a linha dura do partido se recusou a integrar os homens armados da Renamo, que ficou um “movimento descamisado”, e que há um plano para eliminar o seu líder, Afonso Dhlakama.
– Para mim foi uma humilhação terrível o Presidente da República [Filipe Nyusi], o mais alto magistrado da nação, ir a Angola aprender como mataram Savimbi – afirmou numa entrevista à Agência Lusa.
A Renamo, maior partido da oposição, não reconhece os resultados das eleições de outubro de 2014, ganhas pela Frelimo, no poder desde a independência, e ameaça tomar pela força seis províncias onde reivindica vitória, tendo pedido mediação da África do Sul, União Europeia e Igreja.