A 3 de Fevereiro de cada ano, Moçambique celebra a passagem do dia dos heróis alusivo à passagem de mais um aniversário da morte daquele que é chamado arquitecto da unidade nacional, Eduardo Mondlane.
No presente ano os moçambicanos celebram essa data com um sentimento a sabor amargo devido à instabilidade político-militar que o país atravessa desde Outubro de 2014 quando se realizaram eleições gerais, por isso a tônica discursiva foi de apelo à paz e reconciliação entre os políticos que estão a mergulhar o país num retrocesso sem precedentes.
Contudo, é preciso voltar para a história de luta contra o colonialismo para perceber o percurso que o país fez até chegar a esta data.
Breve historial
Eduardo Chivambo Mondlane (Mandlakazi, Gaza, 20 de Junho de 1920 — Dar-es-Salaam, 3 de Fevereiro de 1969) foi fundador e primeiro presidente da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), movimento que lutou pela independência de Moçambique do domínio colonial português. O dia da sua morte, assassinado por uma encomenda-bomba, é celebrado em Moçambique como o Dia dos Heróis Moçambicanos.
Vida e obra
Filho de um chefe tradicional, Mondlane estudou inicialmente numa missão presbiteriana suíça próxima de Mandlakazi e em Lourenço Marques, mas viria a terminar os seus estudos secundários numa escola da mesma igreja na África do Sul.
Após ter sido expulso, na sequência da subida ao poder do Partido Nacional, da Universidade de Witwatersrand, onde cursava Antropologia e Sociologia, seguiu estudos, usufruindo de uma bolsa, na Universidade de Lisboa. Aí conheceu outros estudantes que viriam a ser líderes dos movimentos nacionalistas e anticoloniais de vários países africanos, como Amílcar Cabral e Agostinho Neto.
Terminou os estudos nos Estados Unidos da América, frequentando o Oberlin College (Ohio) e a Northwestem University (Evaston, Illinois) onde veio a obter o doutoramento em Sociologia.
Trabalhou para as Nações Unidas, no Departamento de Curadoria, como investigador dos acontecimentos que levavam à independência dos países africanos e foi também professor de história e sociologia na Universidade de Syracuse.
Em 1961, visitou Moçambique, a convite da Missão Suíça, e teve contactos com vários nacionalistas, onde se convenceu de que as condições estavam criadas para o estabelecimento de um movimento de libertação.
Por essa altura formaram-se três organizações com o mesmo objectivo: a UDENAMO (União Democrática Nacional de Moçambique), a MANU (Mozambique African National Union e a UNAMI (União Nacional Africana para Moçambique Independente).