Minderico e Barranquenho: outras línguas portuguesas
3 minQuando se pensa em Portugal, a Língua Portuguesa parece ser a única possibilidade de comunicação. Realmente, é — de longe — a mais falada. Mas no país há, ainda, três outras que podem ser — e são — usadas para comunicação: o Mirandês (reconhecido como uma Língua no norte do país), o Minderico (uma Língua não reconhecida) e o Barranquenho (um dialeto). O Mirandês já é bastante conhecido e estudado, inclusive pela academia. Mas as outras duas, em menor escala, também têm seu espaço na cultura popular portuguesa. Nunca ouviu falar?
Minderico
Minderico é uma língua falada em Minde — pequena freguesia no centro de Portugal, próxima à Fátima, no Distrito de Santarém — que existe desde o século XVIII, quando começou como um socioleto secreto voltado aos negócios e utilizado pelos comerciantes do local quando viajavam por todo o país. Era, no início, utilizado apenas como uma forma de dialogar sobre os preços a serem cobrados por mantas e roupas, mas, com as migrações e o uso constante, permitiram que as palavras começassem a designar coisas do cotidiano e da sociedade civil. Hoje, é considerada pelo SIL como uma língua autónoma, porém quase extinta. Veja se entende alguma coisa neste vídeo!
Apesar da história interessante do Minderico, o Estado pouco tem feito para a sua preservação. Mas a população local (cerca de 3,2 mil habitantes), essa sim tem tentado manter a língua viva, seja por meio de cursos, estímulo ao uso na comunicação local e até mesmo a construção de um dicionário, disponível na Junta de Freguesia de Minde, onde há, ainda, o CIDLeS (Centro Interdisciplinar de Documentação Linguística e Social), uma associação sem fins lucrativos voltada para o tema.
Barranquenho
O dialeto falado na Vila de Barrancos, no Distrito de Beja, sul de Portugal, é chamado de Barranquenho e é uma mistura do português alentejano com o espanhol. Isso porque Barrancos é pegado à fronteira com a Espanha, região de Extremadura. O Estado não reconhece nem protege o barranquenho, mas a Câmara do município — bem como a população local, tenta reverter esse processo. Em 2008, o dialeto foi considerado Patrimonio Imaterial de Interesse Municipal como forma de estimular o aprendizado do dialeto pelos mais novos. Dos cerca de 2 mil habitantes, apenas os mais velhos ainda dominam a forma de falar.
Após ser considerado Patrimônio Imaterial, começaram-se estudos para pedir ao Ministério da Cultura o reconhecimento do dialeto como Língua. Dessa forma, seria possível ensinar a Língua em estabelecimentos oficiais de ensino e significaria um grande passo na manutenção da cultura.
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