A maioria de nós já ouviu essa frase algum dia e dois tipos de pessoas a utilizam: as preocupadas em perder seu emprego e as que mandam nelas.
É perfeitamente compreensível essa situação numa sociedade que se formou baseada em modelo de subserviência e não de senso crítico. Uma sociedade esculpida nas regras da era industrial e oriunda de uma aristocracia dominante que gerava emprego para uma classe menos privilegiada, só podia resultar nisso. A criação das escolas técnicas para capacitar mão-de-obra direcionada, proliferadas durante grande parte do século passado e o sistema de ensino brasileiro, estruturado para atendimento a uma demanda industrial já formada e preestabelecida, reforçaram esse sistema que ocupou o país por longo período.
Hoje observamos que as indústrias de base tradicional pelejam para manter seu quadro de funcionários; as instituições de capacitação técnica não conseguem cooptar participantes para seus cursos convencionais (nem subsidiando-os financeiramente); a maioria das faculdades ainda se sustentam amparadas nesse paradigma desgastado de oferecer cursos baseados na garantia de inclusão no mercado de trabalho. Poucos percebem que o comportamento dessa nova geração não quer ter esse juízo submisso, não quer garantia de estabilidade, querem viver, ter novas experiências, buscar momentos que proporcionem real felicidade.
Segundo uma pesquisa mundial realizada pela multinacional Robert Half, os profissionais desta geração consideram um trabalho atraente quando: 1. Encontram nele um propósito maior para o que fazem diariamente; 2. Realizam atividades desafiadoras; 3. Têm liberdade para inovar; 4. Obtêm feedback’s constantes; 5. Existem líderes coesos e capazes de apoiá-los em seu desenvolvimento; 6. Alcançam reconhecimento e ascensão de forma rápida; 7. Obtêm oportunidades claras de crescimento (Plano de Carreira); 8. Há flexibilidade de horários, ou seja, foco na produtividade e não no tempo; 9. Recebem salários recompensadores; 10. Conciliam vida profissional com qualidade de vida.
O mundo para eles está mais aberto a novas possibilidades, à interactividade e não à mera participação num processo produtivo, e grande parte desse comportamento se deve as tecnologias que possibilitam o acesso a uma infinidade de informações, conhecimentos e saberes, e isso hoje, é inquestionável.
Acreditar que esse cenário é passageiro é um grande engano. A história da civilização comprova que o progresso é inerente à natureza do homem que sempre procurou aperfeiçoar suas capacidades e melhorar seu desempenho em todas as áreas. Uma comunidade fabril por exemplo, que depende de mão de obra operária, será relutante na aceitação dessas novas culturas digitais, pois sua estrutura e sistema estão preparados e modelados para operar num formato serviçal e hierárquico, diferente das aptidões dessa nova geração. O conflito será evidente e os líderes, empresários e governantes deverão estar receptivos a esse novo cenário socioeconômico e cultural, antes que seja tarde.