(Imagem: Bill Erickson via cc)
O Centro Pedagógico e Científico de Língua Portuguesa, em Macau, promove pela primeira vez a formação de professores de português em universidades chinesas.
Esta é a grande novidade num “ano de viragem”, segundo Carlos André, presidente do centro do Instituto Politécnico de Macau.
O centro, que sempre teve a vocação de formar professores de português, aposta agora na China Continental, contando chegar a cerca de 50 docentes em 2015, embora garantindo que os professores de Macau não serão esquecidos.
– Em julho passado juntámos cá 20 professores de universidades chinesas mas agora vamos dar um passo muito significativo, vamos trabalhar nas universidades deles. Isso nunca tinha acontecido – , disse à agência Lusa.
Carlos André salientou que “ensinar português como língua estrangeira hoje é uma área científica e pedagógica específica que exige investigação, preparação adequada e formação elevada ao nível do doutoramento”. Como a maioria dos docentes de português não tem ainda esta valência científica, o centro, composto por especialistas nesta área, disponibiliza formações de curta duração para ajudar a ultrapassar problemas.
– Eles queixam-se de dificuldades concretas. Como é que se trabalha a diferença estrutural entre o português e o chinês? Como é que se passa da oralidade para a escrita? Só pessoal especializado sabe responder – , defendeu.
Estas ações de formação vão juntar docentes chineses de cidades como Cantão, Zhuhai, Hainan, Xangai, Hangzhou, Nanjing, Dalian, Xian e Tianjin.
Dependente unicamente dos recursos financeiros de Macau, o Centro Pedagógico e Científico de Língua Portuguesa resulta de uma “opção estratégica” do governo local, que quer ver o território cumprir a função de centro do ensino do português na Ásia, um desígnio definido pelas autoridades de Pequim.
O centro prepara outras novidades para este ano, incluindo diversas publicações: um manual, um glossário de provérbios e expressões idiomáticas portuguesas em versão bilingue, um livro sobre literatura de Macau e sobre Macau, entre outros.
Estão ainda agendados cursos de português para funcionários do Instituto Politécnico de Macau e formação para diplomatas chineses à espera de serem colocados em países lusófonos.
Carlos André disse não ter dúvidas que o ensino do português vai continuar a aumentar:
– É bom que tenhamos consciência que há dez anos havia seis instituições de ensino superior na China onde se aprendia português. Hoje há 26. O interesse é crescente – destaca.