Uma língua que vale ouro
O prémio FIFA World Player of the Year foi criado pela associação helvética apenas em 1991, para rivalizar com o Ballon d’Or France Football criado pela revista France Football em 1956. O problema é que a revista francesa tinha critérios muito peculiares para a atribuição do galardão. Apenas jogadores europeus a jogar na Europa o podiam receber, o que fez com que jogadores como Pelé e Garrincha, só para citar dois exemplos, se tenham retirado sem nunca terem sido considerados “melhores do mundo”. Sim, se não sabia fica a saber que aquele que é considerado por muitos como o melhor jogador de sempre, nunca foi considerado o melhor jogador do mundo. Irónico no mínimo, não é? Outro tempos, outras regras, até que, bem ao seu estilo, isto é, tardiamente, a organização que rege o futebol mundial, presidida à data pelo brasileiro João Havelange, decidiu intervir e criar o seu próprio prémio de carácter universal. Em resposta a isso em 1995 a France Football reviu os seus critérios e alargou o leque de premiáveis a todos os jogadores… que atuassem na Europa.
Como era de esperar, a co-existência dos dois prémios foi tudo menos pacifica, sobretudo nos anos em que os vencedores eram distintos, havendo sempre quem achasse que um dos dois era injusto, quando considerado com o vencedor do outro. Especulava-se também qual dos dois teria mais valor, se o mais antigo, e reputado, se o mais recente, oficial e verdadeiramente global. Finalmente, em 2009 o organismo que tutela o futebol e a mais prestigiada revista sobre o desporto-rei, conseguiram entender-se e desde então há um único prémio, o FIFA Ballon d’Or, atribuído conjuntamente e decidido através da votação dos capitães e treinadores de todas as seleções do mundo, bem como do jornalista mais reputado em cada país.
Desde que a FIFA universalizou a distinção, a língua portuguesa foi o idioma mais ouvido na cerimónia da sua entrega, senão vejamos:
Bolas de ouro da FIFA que falam português: Romário (1994), Ronaldo (1996, 1997, 2002), Rivaldo (1999), Luís Figo (2001), Ronaldinho Gaúcho (2004, 2005), Kaká (2007), Cristiano Ronaldo (2008, 2013, 2014). Total: 12
Bolas de ouro da FIFA que falam inglês: George Weah (1995). Total: 1
Bolas de ouro da FIFA que falam espanhol: Lionel Messi (2009, 2010, 2011, 2012). Total: 4
Bolas de ouro da FIFA que falam alemão: Lothar Matthaeus (1991). Total: 1
Bolas de ouro da FIFA que falam francês: Zinedine Zidane (1998, 2000, 2003). Total 3
Bolas de ouro da FIFA que falam italiano: Roberto Baggio (1993), Fabio Cannavaro (2006). Total: 2
Bolas de ouro da FIFA que falam holandês: Marco Van Basten (1992). Total: 1
Na verdade é melhor fazer as seguintes contas: Lusofonia 12 x Resto do Mundo 12!
Talvez seja por se ter dado conta deste domínio avassalador que, em ano de Mundial no Brasil e de Bola de Ouro de Cristiano Ronaldo, a FIFA tenha decidido retirar o português das línguas oficias presentes no seu site…
Relativamente ao que fez o português Cristiano Ronaldo, durante o ano civil, para merecer ganhar ontem a Bola de Ouro, por mais rica que seja a nossa língua, começa a parecer parca em adjectivos e palavras para o descrever, pelo que vos preferimos deixar com um vídeo elucidativo da grandeza do feito de mais um lusófono, que não tem comparação no mundo.
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