Jogos Olímpicos do Rio acabam com chuva, alegria e carnaval
Com uma festa que reforçou o que a cidade tem de melhor e abordou a arte e a cultura nacional, o Rio de Janeiro se despediu dos Jogos Olímpicos na noite deste domingo (21 de agosto). O espetáculo foi pensado para ressaltar a criatividade do brasileiro e sua capacidade de criar com as próprias mãos, com um tom de celebração e congraçamento.
No Maracanã, os mais de 200 países que participaram da Olimpíada de 2016 deram adeus ao Rio de Janeiro em uma cerimônia realizada sob chuva e com direito mais uma vez a muita música brasileira, principalmente o samba.
Em comparação à cerimônia de abertura, o encerramento teve orçamento e tempo reduzidos, o que tradicionalmente acontece em Jogos Olímpicos. Enquanto a abertura se estendeu por quatro horas, o encerramento teve duração de 2h30. Diante das limitações impostas pelo local da cerimônia, recursos artísticos que funcionaram na abertura, como projeções e coreografias, foram novamente utilizados.
Figura que dividiu brasileiros e norte-americanos durante a cerimônia de abertura, Santos Dumont voltou a ser evocado no encerramento dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Fotos históricas do inventor foram mostradas no telão do Maracanã.
Alguns dos cartões postais do Rio de Janeiro, como os Arcos da Lapa, o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar, tiveram suas formas moldadas pelos dançarinos. No total, três mil pessoas integram o elenco, sendo 300 dançarinos profissionais e 2,7 mil voluntários. O norte-americano Bryn Walters, um dos maiores especialistas em coreografias de massa e montagem e responsável pelas aberturas de Atenas 2004 e Londres 2012, assinou a coreografia do show.
O Hino Nacional brasileiro foi executado no batuque da percussão e entoado por um coro de crianças, representando cada uma das estrelas da bandeira do país, projetada no chão do estádio.
Em seguida, teve início a parada dos atletas, em um clima bem mais informal e descontraído do que se viu no dia 5 de agosto. Os competidores entraram em uma fila única, ao longo de um corredor formado pelos porta-bandeiras, em uma grande confraternização ditada por música eletrônica, repente e frevo.
O ato seguinte contou a história da arte popular brasileira, em suas diversas manifestações e extrapolando as fronteiras da cidade-sede. As pinturas e gravuras rupestres encontradas no parque arqueológico da Serra da Capivara, no Piauí, ganharam vida com movimentos coreografados. No chamado “momento lembrança”, Arnaldo Antunes declamou o poema “Saudade”, de sua autoria, evocando a palavra que só existe em língua portuguesa.
A tradição das rendeiras foi exaltada ao som da tradicional canção “Mulher Rendeira”, entoado pelas Ganhadeiras de Itapuã, grupo que resgata as antigas tradições do bairro de Salvador. Uma projeção criou a ilusão de que uma renda tinha sido tecida no chão do estádio. Em seguida, o grupo Corpo apresentou um trecho do espetáculo Parabelo, em ritmo de forró.
O público levantou-se logo nos primeiros acordes de “Asa Branca”, uma das canções mais conhecidas de Luiz Gonzaga, improvisando uma ciranda nas arquibancadas. Em homenagem a mestre Vitalino e suas esculturas, os dançarinos foram caracterizados como bonecos de barro e mostraram passos do forró.
Repetindo uma tradição olímpica, a cerimônia de premiação da maratona masculina aconteceu no meio do encerramento, na entrega das últimas medalhas dos Jogos. O ouro ficou com o queniano Eliud Kipchoge, a prata com o etíope Feyisa Lilesa e o bronze com o norte-americano Galen Rupp. Na apresentação dos atletas recém-eleitos para compor a Comissão dos Atletas do Comitê Olímpico Internacional (COI), a mais aplaudida foi a saltadora russa Yelena Isinbayeva.
Depois da homenagem aos voluntários da Rio 2016, em que o cantor Lenine apresentou uma versão feita para eles de sua música Jack Soul Brasileiro, a bandeira da Grécia foi hasteada e o hino do país entoado para o recolhimento da bandeira olímpica.
-Valeu, Brasil! Esses foram Jogos Olímpicos maravilhosos, na Cidade Maravilhosa – pontuou em seu discurso, o presidente do COI, Thomas Bach.
Após o apagar da chama olímpica, o Maracanã virou carnaval com a chegada do Cordão do Bola Preta e de integrantes de escolas de samba, embalados pela marchinha “Cidade Maravilhosa”, hino da cidade do Rio de Janeiro.
O público ficou de pé para cantar as marchinhas que ganham o carnaval de rua e sambas-enredos consagrados. A festa ficou completa com a chegada de um carro alegórico, convidando os atletas a tomarem o gramado e acompanharem os fogos de artifício. Só faltou avisar que a festa tinha acabado: atletas, voluntários e o público continuou dançando, ao som do samba tocado nos alto-falantes, como se os Jogos estivessem só começando.
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