Conexão Lusófona

Já sabe se resiste ao Homoerotismo? Faça o teste com estas imagens

homoerotismo

Imagem: Reprodução Rawpixel

Pois é, o título provoca, mas não se assuste. A ideia deste artigo não é propriamente um teste, mas antes a partilha de material homoerótico que pode ainda desconhecer. Se a sua curiosidade for demasiada para acompanhar estas palavras, tem sempre a opção de fazer um scroll supersónico e espreitar as imagens. No entanto, se preferir começar com alguma contextualização, vale a pena preservar a sua paciência e absorver antes de consumir.

 

Se procurarmos a definição de “homoerotismo”, descobrimos que ela nos remete para conteúdos literários, cinematográficos ou imagéticos cujo objetivo passa por serem sexualmente atrativos para homossexuais, homens ou mulheres. Tendo em conta a junção de palavras que facilmente se consegue apreender do termo, não podemos concluir que a sua definição seja uma novidade. Contudo, pese embora o incrível progresso que se tem evidenciado nas questões de género e sexualidade, ainda vivemos num mundo em que a norma é heterossexual. A maioria das representações exclui  as relações homoafetivas — no cinema, na televisão, na música, na literatura, entre outra. Por isso, é cada vez mais importante gerar espaços mediáticos que explorem as realidades das minorias.

 

A homossexualidade, tal como o sexo, é tão antiga quanto o próprio ser humano. Por isso, e que se desengane quem crê no contrário, o homoerotismo também o é. Prova disso são as incontáveis referências artísticas que remetem para o campo erótico entre dois indivíduos do mesmo sexo, como as obras literárias de Caio Cátulo (87 ou 84 a.C.-57 ou 54 a.C.), Propércio (43 a.C.-17 a.C.) e até Safo (630 a.C.-550 a.C.), a primeira autora feminina conhecida na história. Em tempos mais “recentes”, podemos mencionar autores como William Shakespeare (1564- 1616), Oscar Wilde (1854-1900), Marcel Proust (1871-1922) e Virginia Woolf (1882-1941).

 

Dentro da lusofonia, também não faltam exemplos: no Brasil, Adolfo Caminha (1867-1897) escreveu aquele que viria a ser considerado o primeiro romance sobre homossexualidade na literatura ocidental, intitulado “Bom Crioulo” (1895); mas este é apenas um exemplo entre muitos, como Raul Pompéia (1863-1895), Mário de Andrade (1983-1945) Lygia Fagundes Telles. Em Portugal, Fernando Pessoa (1888-1935) e Mário Sá Carneiro (1890-1916) também são referidos inúmeras vezes como tendo desenvolvido o campo homoerótico nas suas obras.

 

A homossexualidade é estética, enquanto a heterossexualidade é prosaica”.
— Thomas Mann, Nobel da Literatura em 1929

Se está a pensar que não só de literatura é feita a arte, tem toda a razão. Precisamente por isso, há que citar alguns dos também imensos nomes associados ao homoerostismo noutras campos artísticos, como a fotografia e a pinturaRobert Mapplethorpe (1946-1989), o polémico fotógrafo americano, é um desses exemplos, tal como o franco-brasileiro Pierre Verger (1908-1996) e o carioca Alair Gomes (1921-1992). Na pintura, Carnelius McCarthy (1935-2009), Andy Warhol (1928-1987), Henry Scott Tuke (1858-1929) e até o astro máximo da pintura renascentista, Leonardo Da Vinci (1452-1519), são tidos como referência na elevação do corpo masculino e do homoerotismo.

 

Mesmo assim, com tantos registos antigos e, inclusivamente, com nomes e obras de referência associadas ao género, o homoerotismo continua a ser questionado nos conteúdos mainstream, como se ofensivo ou simplesmente pornográfico. O próprio erotismo representa um tabu para a sociedade que, em muitas partes do globo, de uma maneira mais ou menos geral, continua a banir conteúdos eróticos de salas de museus e a associar sexo e perversidade à simples nudez. Por isso, todo o moralismo duplica quando falamos de homoerotismo. Felizmente, a era digital trouxe novas formas de comunicar e partilhar a Arte e a criação artística, o que permite que tenhamos acesso a conteúdos muito mais variados, de forma muita mais rápida e informada, do que no passado em que viveram os autores e autoras supracitados.

 

Assim sendo, e porque a forma como olhamos a sexualidade, a sensualidade e o próprio sexo também deve ser inclusiva, selecionamos algumas imagens homoeróticas de autores e autoras, na sua grande maioria contemporâneos, que exploram este género. Poderá seguir o trabalho de cada um/a deles/as, uma vez que as suas páginas se encontram associadas às imagens, na legenda das mesmas. Quiçá se estas não o/a deixarão com vontade de… se questionar sobre a norma. Aceite esta nossa provocação jocosa e desfrute. Afinal de contas, o saber não ocupa lugar, certo?

 

 

Obra de Touko Laaksonen (1920-1991), também conhecido como Tom of Finland, um autor finlandês de grande popularidade dentro da arte homoerótica. O seu trabalhou começou a ganhar notoriedade durante a década de 70, pelos detalhes realistas no retrato do fetichismo e da cultura homossexual, que influenciou significativamente (Imagem: Reprodução Moiqut)
Em 1986, cinco anos antes do seu falecimento, Tom criou a Fundação Tom of Finland, sem fins lucrativos. Está sediada em Los Angeles e, além de documentar as seis décadas de trabalho do artista finlandês, é também uma entidade de apoio a artistas contemporâneos que exploram o erotismo nas suas obras (Imagem: Reprodução Moiqut)
Obra de Melejuana, artista que se apresenta como tatuadora aprendiz num estúdio canadiano. Nos trabalhos que divulga, a presença da Mulher é notória, bem como o homoerotismo feminino (Imagem: Reprodução Instagram)
A artista convida os seus seguidores a contactá-la no caso de quererem agendar tatuagens ou comprar algum dos seus desenhos (Imagem: Reprodução Instagram)
Obra de Matthew Conway, um artista estadunidense que se debruça, através dos retratos que elabora, sobre os temas de género e o corpo masculino (Imagem: Reprodução Website Oficial)
O jovem autor divulga, maioritariamente, retratos nus ou de exposição parcial da genitália masculina (Imagem: Reprodução Instagram)
Obra de Sqotea, artista sediada em Paris que se assume como dedicada aos temas do corpo, da nudez e da sexualidade feminina. Na sua descrição das redes sociais menciona a “nudez das flores”, que retrata o recurso bastante frequente que faz delas (as flores) nas suas obras, como é o caso desta (Imagem: Reprodução Instagram)
Nem todos os seus desenhos retratam o homoerotismo feminino, uma vez que também se encontram bastantes obras de Sqotea relacionadas com o sexo entre pessoas de géneros opostos. A artista defende o amor próprio e a positividade corporal (Imagem: Reprodução Instagram)
Obra de Ego Rodriguez, ilustrador e artista concetual que vive e trabalha em Londres há mais de 20 anos. Não é nenhum desconhecido dentro do género do homoerotismo masculino e já descreveram o seu trabalho como sendo um encontro entre Tom of Finland e Andy Warhol (Imagem: Reprodução Site Oficial de Ego Rodriguez)
Rodriguez favorece o uso de cores berrantes e luz dramática e não gosta de atribuir demasiado sentido ao que produz, pelo menos de forma pública. Prefere que a audiência possa decifrar as obras através da sua própria narrativa (Imagem: Reprodução Site Oficial de Ego Rodriguez)
Obra de datcraftygirl, ilustradora sediada na Califórnia, que retrata, sobretudo, temas relacionados com questões de género e mulheres. (Imagem: Reprodução Instagram)
A artista retrata a mulher negra em praticamente tudo o cria, como simbologia de empoderamento e representação da mesma na sociedade e na Arte (Imagem: Reprodução Instagram)
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