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Guiné-Bissau: o singular paraíso das tartarugas marinhas

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A sul da Guiné-Bissau, encontra-se a pequena ilha de Poilão — com pouco mais do que dois quilómetros de perímetro. Anualmente, é o santuário escolhido por cinco das sete espécies de tartarugas marinhas mundiais para a desova. É considerado o terceiro local — depois da Costa Rica (América) e da ilha Ascensão (território britânico a sul do Atlântico) — mais importante do globo e o primeiro de África para a reprodução das tartarugas-verdes; mas também há espaço para o desenvolvimento das famílias oliva, escamas, couro e cabeçuda.

 

Entre os meses de agosto e novembro, o cenário repete-se na ilha deserta do arquipélago dos Bijagós: milhares de minúsculas tartarugas atravessam o areal, norteadas pelo mar, depois de deixarem os ninhos escavados na areia pelas progenitoras. Em cada “incubadora” natural, podem ser colocados 120 a 130 ovos de cada vez. Para os que observam, não existem palavras suficientes para descrever o “espetáculo da vida” in loco.

 

Durante os meses supracitados, a vigia da ilha fica a cargo de alguns biólogos — que se encarregam de montar um “centro de investigação” provisório. Dedicam-se ao estudo da vida e dinâmicas de mais de 21 mil tartarugas marinhas que por lá desovam, oriundas de todos os cantos do mundo.

 

Por noite — altura em que a temperatura desce e existem menos predadores nas redondezas —, podem chegar a contar-se cerca de 500 tartarugas, prontas para desovarem. Ficam na ilha cerca de uma hora, escolhendo as zonas mais altas do areal para nidificarem. Com cerca de 150 quilos, um metro de comprimento e idades que podem alcançar os 80 anos, já estão habituadas a este ritual. Depois de colocarem os ovos, regressam aos oceanos.

 

As crias recém-nascidas serão atraídas pelo brilho do mar e, assim que deixarem o areal, estarão entregues à sorte. São minúsculas; uma mão humana tem a capacidade de abrigar quatro. Segundo os dados apurados pelo Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas (IBAP) da Guiné-Bissau, apenas 5% das tartarugas atingem a idade adulta.

 

As que sobreviverem a todos os obstáculos regressarão a Poilão. Estes animais marinhos são fiéis ao local onde nascem e, como a ilha é uma zona protegida pelos residentes do arquipélago guineense, estão livres da pressão humana e continuarão a reprodução da sua espécie.

 

É importante relembrar que a tartaruga-verde (Chelonia mydas) está ameaçada a nível mundial. Deste modo, o território insular — uma das suas grandes maternidades — necessita de ser acompanhado por investigadores. Com a ajuda do financiamento da fundação internacional para a natureza MAVA e pelo Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida (ISPA) de Portugal, o trabalho tem sido feito, perpetuando o legado do maravilhoso espetáculo da vida.

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