(Imagem: Reprodução ANP Guiné-Bissau)
– O que ouvi hoje de manhã, eu não concordo. Há possibilidade de dialogarmos. A queda do Governo não é uma solução para este país – referiu hoje o presidente do parlamento da Guiné-Bissau, Cipriano Cassamá, perante os deputados na Assembleia Nacional Popular (ANP).
Segundo a agência Lusa, na intervenção, Cassamá deixou críticas implícitas ao Presidente da República e à possibilidade de este demitir o Governo por dificuldades de relacionamento pessoal com o primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira.
– Estou com muita pena de alguns dirigentes deste país. É uma vergonha. O Governo está em perigo e o povo da Guiné-Bissau tem que assumir as suas responsabilidades – sublinhou.
Com voz exaltada, o líder da ANP fez também um apelo para que os parlamentares defendam a estabilidade política conquistada com as eleições gerais de 2014.
A Assembleia Nacional Popular (ANP) da Guiné-Bissau aprovou a 25 de junho, por unanimidade, uma moção de confiança no Governo liderado por Domingos Simões Pereira. Na mesma semana, o PAIGC aprovou também uma moção de apoio ao primeiro-ministro (e líder do partido) e sua equipa, apelando ao diálogo entre todos – algo que Simões Pereira disse que seria “mais fácil” depois do afastamento de dois dirigentes políticos (Baciro Dja demitiu-se do cargo de ministro da Presidência do Conselho de Ministros e Abel Gomes abandonou o secretariado-nacional do PAIGC).
Mas José Mário Vaz mantém a possibilidade de afastar o Executivo e, nesse sentido, iniciou hoje uma série de audições, tal como previsto na Constituição, começando pelos partidos políticos sem representação parlamentar.
O chefe de Estado foi ao Parlamento no início de julho para dirigir um discurso à nação em que desmentiu rumores sobre a possibilidade de demitir o Governo, prometendo apoiá-lo e defender a estabilidade no país – mas ao mesmo tempo deixando no ar a ideia de que prefere ver feita uma remodelação governamental.