(Imagem: Reprodução Deutsche Welle)
A violência nas minas moçambicanas onde decorre a extração ilegal de ouro continua a crescer, com frequentes confrontos entre garimpeiros moçambicanos e zimbabweanos, informou o portal VOA.
Na última semana, uma nova operação da Polícia deteve 27 garimpeiros, nove dos quais do Zimbábue (Zimbabué), prontamente repatriados, subindo para 130 o número de zimbabweanos extraditados nos últimos três meses na província de Manica.
Em fevereiro, garimpeiros dos dois países juntaram-se contra uma operação da Polícia Ambiental, recentemente instituída, para impedir a violência e extração ilegal de ouro, provocando uma revolta que saldou em três garimpeiros mortos por tiros, dezena de feridos, incluindo agentes da corporação e centenas de detidos.
Em entrevista à Rádio VOA, Belmiro Mutadiua, porta-voz do comando da Polícia de Manica, reconheceu a resistência e a gravidade da ação dos ilegais em vários focos de garimpo na província e garantiu que muitos esforços estão em curso para combater o fenômeno e reduzir a violência nas minas.
– Já estamos a fazer o nosso trabalho, inclusive já foi possível numa operação deter 27 garimpeiros ilegais, e foi apreendido o mineral que estavam a extrair, bem como o instrumento que usam para o garimpo – declarou Mutadiua, sustentando ter sido criada uma equipa multissetorial para “atacar” o problema.
Entretanto, revelou que as operações da Polícia têm reduzido, ainda que de forma tímida, enquanto decorre a sensibilização de garimpeiros nacionais para constituírem associações legais.
– A violência é o problema mais grave no garimpo aqui – explicou Cândida Lucas, administradora moçambicana da Reserva Nacional de Chimanimani, uma importante área de conservação transfronteiriça dos distritos de Sussundenga (Manica) e ManicaLand (Zimbábue).
Esta região é, já há alguns anos, palco de conflitos entre garimpeiros dos dois países e entre estes e as autoridades policiais, em torno da exploração de ouro, muitas vezes ilegal. Segundo a administradora, 80% dos garimpeiros que atuam ilegalmente na extração de ouro no parque são de origem zimbabweana e da etnia Muchurugo, largamente conhecida pelo nível de agressividade e unidade para lutas em grupos.