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Galiza, à procura da Lusofonia

São quase 22h. Tenho de escrever qualquer coisa vinculada à lusofonia, mas não consigo…abro a minha playlist favorita e carrego no play. “Essa moça tá diferente/já não me conhece mais“… Por acaso tenho em casa um livro de 79 que se refere à relação linguística da Galiza e de Portugal… sei lá… se calhar até pode interessar! Vou lá consultar… No entanto, recebo uma sms: “Oi Maruxa! A Cris e eu combinámos de ir beber uns copos às 22.30 no Bamba café, vens?” Pois… é quinta-feira porra! Era mesmo bom ir lá ter, ouvir o Rui e ver a malta dançar o forró*.

Enquanto isso, consulto no Google a palabra “lusofonia”: “La lusofonía es el conjunto de países que tienen como lengua oficial el portugués o el gallego (ya que existen grupos que defienden la pertenencia de este último a la lusofonía debido a su origen común)”, diz o site em espanhol da Wikipedia. E continuo a ler: “existen ocho países lusófonos, en los cuales el portugués es lengua oficial (…) Existen regiones de distintos países donde el idioma portugués es el oficial. También hay otras regiones en donde el portugués no es oficial, pero es usado como lengua materna debido a los vínculos históricos que tuvieron con Portugal. Por ejemplo Macao, Dadra y Nagar Haveli; Damán y Diu; y Goa”. Num link do mesmo artigo leio: “Los hablantes de la lengua portuguesa suman más de 244 millones de personas alrededor del mundo.” Nossa!

Vou ao site português da Wikipedia e faço a mesma consulta: “lusofonia”… Engraçado! Não há menção nenhuma à Galiza! Um caso muito curioso que convem aqui assinalar: quando se faz o cômputo dos lusofalantes, quase nunca se considera para o efeito o nome da Galiza, vizinha de Portugal. Além de revelar a ignorância do facto em si, dado que o galego não é mais do que uma forma algo arcaizante do português, como quisermos, faz ainda com que as contas saiam erradas: rouba ao resultado final quase 3 milhões de indivíduos (sem considerar os galegos no estrangeiro).

Chega uma nova mensagem do Facebook. O Manuel Pereira publicou uma ligação no seu mural: “Olha, Maruxa! Um gajo de Bremen investiga sobre a língua galega na sua tese de doutoramento e conclui o que todo o mundo cá sabe mas ninguém diz: o falecimento do galego fica cada vez mais perto.” Entro no Twitter e escrevo: “A diferença entre  – Eu falo galego – e – Eu falo português –  é só uma palavra!”.

As minhas amigas já estão tontas por conta das caipirinhas, e me ligam à meia-noite a cantar “Liberdade pra dentro da cabeçaaaa“. No entanto, eu continuo a escrever este texto e a ouvir a última faixa da minha playlist, “Aló irmão, onde é que nos vamos encontrar“, uma música ao vivo do Narf e do Manecas, um galego e um guineense cantando em Moçambique. Eis um perfeito quadro lusófono… Lembro-me que ainda tenho um libro de 79 e abro uma página qualquer: “Não se esqueça que os agentes da cultura são o motor progressista e revolucionário. É esta a revolução cultural de que precisa o galego e a Galiza. Vamos a isso!”

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