Conheça “Fábula de Vó Ita”, um filme sobre racismo e representatividade na infância
Fábula de Vó Ita é um curta-metragem que narra história de Gisele, uma menina negra que sofre preconceito na escola e por isso fica cada vez mais tímida e fechada. Para quebrar esta barreira, sua avó pinta uma história fantástica, com princesas e bruxas, para tratar o tema da identidade étnica e da beleza negra.
Na história criada por Ita, Gisa, uma menina negra, sente-se isolada em um reino onde ninguém se parece com ela. Cansada de sofrer discriminação, ela procura uma bruxa para modificar seu visual, mas é justamente por causa de seus cabelos – que se alteram conforme suas emoções – que ela é reconhecida por sua mãe, a rainha Andrea, que há anos procurava a filha perdida.
A questão da representatividade é central em “Fábula de Vó Ita“. O curta venceu o edital Carmen Santos Cinema de Mulheres, destinado a obras de cineastas mulheres. Além das diretoras Joyce Prado e Thallita Oshiro – que também assina o roteiro –, direções de arte, fotografia, som e até as ilustrações do filme são de responsabilidade de mulheres. A verba recebida no edital, no entanto, não foi suficiente para realizar o curta da maneira planejada. Toda parte da fábula é feita em animação, misturando aspectos de bordado e pintura, o que elevou os custos.
Para isso, a equipe recorreu à plataforma de financiamento coletivo Catarse. A vontade do público foi soberana e a campanha do filme conseguiu inclusive ultrapassar a meta necessária para a finalização do curta-metragem.
“Há pouquíssimas produções destinadas ao público infanto-juvenil com personagens negros. Faltam referências para essas crianças se reconhecerem e se espelharem. Se elas não se veem nos desenhos, nos filmes, nos livros, como vão conseguir valorizar o que são? Como vão se sentir orgulhosas pela sua cultura e pela ancestralidade que carregam?” – refere o texto que narra o vídeo da campanha.
Apesar de ficcional, o enredo do filme de Joyce Prado e Thallita Oshiro remete à realidade de muitas crianças negras no Brasil. Uma das próprias criadoras, Joyce, viveu episódios semelhantes na infância.
– Quando estava no pré [pré-escola], o termo era ‘macaca‘. Infelizmente temos que ensinar para crianças de 5 anos que elas não têm que se importar com a visão de seus colegas de classe. Não deveria ser assim – explica em entrevista ao Catarse Blog.
– Dentro do financiamento coletivo existe uma liberdade maior de narrativa. Editais, tanto estaduais como federais, costumam ser conservadores. No financiamento coletivo há uma dinâmica mais livre, acho que isso traz essa recorrência de narrativas com propostas que tratam de homossexualidade, de representatividade de mulheres negras. É uma criação nas telas que começa a contestar a sociedade machista e até mesmo de consumo. Quando a gente fala em colaboração de pessoas que gosta de um projeto, a gente tá indo para um outro eixo. Estamos construindo um outro eixo de produção cultural através do financiamento coletivo – finalizou.
O filme ainda não tem data de lançamento definida, mas você pode conferir os bastidores da produção no vídeo abaixo:
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