Estudo brasileiro impede células-tronco de formar tumores e pode curar Parkinson
(Imagem: Reprodução Softpedia)
Uma boa notícias já que se aproxima o Dia Mundial do Parkinson (11 de abril): uma pesquisa realizada no Brasil conseguiu “curar” os sintomas do Parkinson em camundongos.
O risco de formação de tumores sempre foi um dos principais obstáculos ao uso clínico de células-tronco embrionárias (CTEs). A característica que torna essas células potencialmente tão incríveis para aplicação no tratamento de doenças — sua capacidade de se dividir e se transformar em qualquer tipo de tecido —, carrega consigo o perigo de uma diferenciação e multiplicação descontrolada, que pode resultar em um câncer, no lugar de uma cura. Um efeito-colateral severo demais para ser ignorado; razão pela qual as pesquisas nessa área avançam de maneira cautelosa.
Pesquisadores brasileiros, porém, podem ter encontrado uma maneira de manter essas células sob controle, extraindo apenas aquilo que elas têm de melhor a oferecer e bloqueando aquilo que elas têm de pior. Em um estudo publicado na revista Frontiers in Cellular Neuroscience, cientistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) descrevem um novo método de cultivo capaz de inibir o desenvolvimento de tumores, depois que as células são injetadas no organismo.
Para isso, é aplicada a mitomicina, ou MMC, uma droga antitumoral que já é usada há vários anos para o tratamento de tumores sólidos do pâncreas e do sistema gástrico. Os pesquisadores adicionaram essa substância ao meio de cultura das células-tronco embrionárias, imaginando que ela poderia inibir a tendência das CTEs de formar tumores.
O estudo realizado em camundongos deu tão certo que pode, inclusive, ser um indicativo para a cura do Parkinson.
O experimento foi feito usando um modelo animal de Parkinson, com camundongos que tiveram o cérebro lesionado de uma maneira específica para simular os efeitos da doença no cérebro humano. Camundongos lesionados “com Parkinson” que receberam injeções de CTEs pré-tratadas com mitomicina recuperaram quase que completamente o controle dos movimentos que haviam perdido (ou seja: foram “curados” do Parkinson, por assim dizer).
“Células pluripotentes podem virar qualquer coisa, e a chance de elas virarem um tumor é grande”, explica Stevens Rehen, pesquisador do ICB-UFRJ e do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), em artigo pubicado no Estado de S. Paulo.
Apesar dos resultados positivos, os pesquisadores destacam que ainda é cedo para testar essas células em pacientes humanos. Para além disso, a lesão feita no cérebro dos camundongos imita os efeitos do Parkinson em seres humanos, mas não reproduz necessariamente uma série de outros fatores que podem estar envolvidos na doença, cujas verdadeiras causas e mecanismos ainda são muito pouco conhecidos. Assim, não há como garantir antecipadamente que a células terão o mesmo efeito terapêutico nas pessoas.
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