Esta foi a vez da Grécia, mas há países lusófonos que são verdadeiros especialistas em incumprimentos…
(Imagem: Reprodução New Diaspora)
Era até ontem o prazo que a Grécia tinha para pagar mais uma tranche do empréstimo ao Fundo Monetário Internacional (FMI) no valor de 1.600 milhões de euros, mas o dinheiro não chegou nem no dia, nem na hora marcada, fazendo com que o país entrasse oficialmente em situação de incumprimento (default).
Há vários lusófonos, sobretudo em Portugal, a apontar o dedo aos gregos, mas teremos nós verdadeiramente razões e legitimidade para o fazer? Será que o historial de países como Portugal ou o Brasil em termos de pagamento de dívidas é exemplar?
Provavelmente já se está a rir antecipando a resposta que, com toda a naturalidade, lhe veio à cabeça. É verdade, a ‘surpreendente’ resposta a ambas as perguntas é NÃO (e qualquer semelhança entre esta resposta e a resposta a dar num qualquer referendo grego, é mera coincidência). Não, não somos exemplo no que a pagamento de dívidas diz respeito e como tal não temos grande legitimidade para apontar o dedo, a quem quer que seja nessa matéria, mas já vamos aos números.
Primeiro é preciso desmistificar uma coisa, o incumprimento por parte de países é algo ‘quase’ tão normal como o incumprimento por parte de particulares. Atenção, não deve ser visto, nem considerado de ânimo leve, mas, ao contrário do que se apregoa hoje, está longe de ser uma situação anormal, tamanha é a regularidade com que acontece.
Um estudo feito pelos economistas americanos Kenneth Rogoff e Carmen Reinhart concluiu que entre 1800 e o ano 2000 houve 250 estados que sucumbiram ao peso das suas dívidas soberanas. 250 defaults em 200 anos a uma média exata de 1,25 defaults por ano. Ainda lhe parece algo assim tão ‘extraordinário’?
Agora sim, passemos aos números. Segundo um estudo da BBC Internacional, o país com mais casos registados de incumprimento é a Espanha. Seja devido a guerras, revoluções, instabilidade política ou por quaisquer outros motivos, facto é que a Espanha já contabiliza, nada mais, nada menos, que 14 situações de falência. Empatados em segundo lugar surgem mais dois países que têm o castelhano como língua (será esse o motivo?) a Venezuela (pré-petróleo) e o Equador, com 11 falências cada um.
O Brasil fecha o pódio dos maus pagadores com 10, seguido de perto por países que hoje são credores da Grécia como a França (9) e a Alemanha (8). Portugal está em sexto lugar com 7 situações de incumprimento, apenas uma a mais que países como os Estados Unidos da América, a Rússia ou… a Grécia, já contando com esta!
(Imagem: Reprodução BBC)
Quanto a países com verdadeiros motivos para se indignarem, há poucos. Suiça, Bélgica, Noruega, Finlândia, Coreia do Sul, Singapura e Nova Zelândia, são os únicos do mundo que nunca falharam um pagamento aos seus credores.
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