Se aprecias desafios de tabuleiro, este artigo irá servir-te que nem uma luva. Foi criada uma nova versão (mais uma) do famoso jogo Monopólio (denominado Banco Imobiliário, no Brasil). Contudo, esta tem uma particularidade, no mínimo, interessante: é direcionada para a geração Millennials. Para os que não estão familiarizados com o termo, deixamos as explicações no final do texto.
Foi graças à profunda mudança dos hábitos sociais, culturais e de consumo que o jogo Monopólio decidiu criar uma versão personalizada e orientada para este nicho de mercado. As regras mudaram e o mote da versão clássica deixou de ser viável. Ou seja, a angariação de casas ou hotéis deixou de ser a regra. Como o mundo mudou e os Millennials deixaram de se encaixar nos antigos padrões de compra, o novo princípio do jogo é a acumulação do maior número de experiências e… (prepare-se) a criação de tendências.
As novas regras do jogo
O slogan desta nova versão do Monopólio é: “esquece o negócio imobiliário; tu não o consegues pagar”. Desta forma, o famoso senhor do jogo (o Rich Uncle Pennybags) apresenta-se de maneira diferente da versão clássica. Em vez do monóculo, surge de óculos de sol – com lentes espelhadas – e de telemóvel na mão – a pousar para a selfie. Além disso, aparece de auriculares nos ouvidos – característica associada aos hábitos dos Millennials – e com uma embalagem generosa de café na mão: o famoso latte (bebida de café expresso com uma quantidade abundante de espuma de leite no topo). Estereótipo ou não, a verdade é que a imagem sóbria e endinheirada do senhor do Monopólio foi substituída por uma figura adornada com elementos mais descontraídos e atuais, aproximando-se das características dos Millennials.
“Ser adulto é difícil”; “tu mereces uma pausa da corrida quotidiana”; lê-se na caixa do jogo. Por isso, segundo as novas regras, “vive um bocadinho”, “define a tendência” e “ganha”. A angariação de imóveis e a acumulação da maior quantidade de dinheiro possível deixaram de fazer sentido nesta nova edição. Agora, os jogadores, em vez de investirem em terrenos e em construções, investem em “experiências”. Passear de bicicleta, fazer uma aula de ioga, comprar um bilhete de avião, ir a um festival de música ou experimentar um brunch vegano: estas são apenas algumas opções de investimentos; quantas mais, melhor. O participante que tiver acumulado mais “experiências” ganha.
A forma de financiamento do jogo é efetuada através de “um empréstimo estudantil”. Segundo as regras do jogo, o jogador que lançar os dados primeiro terá a maior quantia “emprestada”. Para ir liquidando a dívida, só precisa de colecionar sensações e atividades, como: visitar os destinos turísticos mais desejados, investir num retiro de meditação ou dormir no sofá dos amigos. Cada participante é considerado um “influenciador digital” e, por isso mesmo, precisa de criar um tendência. À medida que o jogo vai avançando e as experiências se vão esgotando, ganha aquele que colecionou o maior número de vivências.
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Como peças de jogo temos uma bicicleta, um emoji, uma hashtag, uns óculos de sol e uma máquina fotográfica – parte dos elementos que marcaram a geração Millennials. E qual o melhor sítio para jogar? Segundo as regras do Monopólio, na cave ou no porão da casa dos pais.
Por enquanto, esta nova versão temática, daquele que é considerado o jogo de tabuleiro mais famoso do mundo, está apenas disponível na Walmart, uma loja multinacional norte-americana. Tem um preço de 17,5 euros e tem dividido as opiniões. Depois da divulgação da nova edição do jogo, as reações, partilhadas no Twitter, não foram unânimes. Por um lado, há quem se ria da nova versão e desconstrua o estereótipo associado à geração Millennials. Esta é comummente agregada a adjetivos pouco simpáticos como: preguiçosa, impaciente, agitada, impulsiva, superficial, fútil ou alienada. Por outro lado, há quem refira que o jogo foi inventado pela geração Baby Boomers (pessoas que nasceram na segunda metade do século XX até à década de 60), os responsáveis pela destruição da economia e do ecossistema, perpetuando o legado de instabilidade para as gerações futuras – nomeadamente para a geração Millennials.
As características dos Millennials
Segundo a sociologia, todas as pessoas que nasceram entre a década de 90 até ao começo dos anos 2000 integram a geração Millennials; também conhecida como Geração Y. Esta nova “fornada” de humanos foi-se desenvolvendo numa época marcada por grandes avanços tecnológicos e prosperidade económica, emancipando-se em ambientes altamente cosmopolitas e urbanizados. Com a chegada da internet, os seus hábitos mudaram radicalmente. Surgiram novas formas de se fazer negócio e um novo mercado para explorar. A globalização e a conexão trouxeram uma lufada de inovação no consumo: as viagens, as experiências gustativas, a troca de impressões culturais, a liberdade de expressão, a comunicação em rede, a fotografia, os aparelhos eletrónicos, a preocupação com a estética, etc.; enfim, tudo isto ajuda a descrever, de forma muito resumida, as preocupações dos Millennials. No fundo, a expressão francesa “bon vivant” (amante dos prazeres da vida) pode sintetizar o lema desta geração.
Em baixo, deixamos algumas opiniões sobre esta nova versão do Monopólio. Já formulaste a tua?