O que se conhece até agora sobre o vírus zika, transmitido pelo mesmo mosquito da dengue? Quais são os sintomas? Que riscos ele representa para as gestantes? É possível criar uma vacina para a doença?
São muitas as dúvidas e poucas as respostas, porque a epidemia é muito recente, começou nos primeiros meses de 2015. Com informações da Agência Fiocruz de Notícias (AFN), preparamos um especial com as principais dúvidas sobre o vírus que está causando um alerta mundial:
Quais são os sintomas da febre por vírus zika?
Descoberta há mais de 50 anos em macacos na Floresta Zika, em Uganda, a febre pelo vírus zika ganhou destaque mundial no último ano, pela velocidade com que tem se espalhado entre os humanos.
Segundo a literatura, mais de 80% das pessoas infectadas não desenvolvem manifestações clínicas, porém quando presentes são caracterizadas por sintomas parecidos aos da dengue, porém mais brandos: febre, dor de cabeça e no corpo e manchas avermelhadas. Apresenta evolução benigna e os sintomas geralmente desaparecem espontaneamente após 3 a 7 dias. No entanto, as dores no corpo podem persistir por aproximadamente um mês.
Recentemente foi observada uma possível correlação entre a infecção por zika e a ocorrência de Síndrome de Guillain-Barré (SGB) em locais com circulação simultânea do vírus da dengue, porém não confirmada a correlação. Clique AQUI para saber mais sobre os sintomas e o histórico da doença.
Como o vírus é transmitido?
O principal modo de transmissão descrito do vírus é pelo Aedes aegypti, mesmo mosquito que também transmite dengue e chikungunya. O vírus não é transmitido pelo ar, pelo que não há necessidade de evitar o contato social com pessoas infectadas.
Relações sexuais e sangue – Também há relatos na literatura científica sobre a transmissão do vírus zika pelo sêmen. O uso do preservativo é recomendado para prevenção de todas as doenças sexualmente transmissíveis. Em teoria, é possível que o vírus seja transmitido por transfusão sanguínea, mas não há relato do ocorrido até o momento. Clique AQUI para saber mais sobre a transmissão do vírus zika.
Por que um alarde tão grande por uma doença que não é mortal?
Embora os sintomas do vírus transmitido pelo mosquito Aedes Aegypti sejam de escassa gravidade, surgiram indícios que o vinculam ao número excepcionalmente elevado de casos de bebês que nascem com microcefalia, particularmente no Brasil.
– Apesar de ainda não ter sido estabelecida uma relação causal entre o vírus zika e as malformações congênitas e síndromes neurológicas, há fortes motivos para suspeitar de sua existência – declarou na semana passada a diretora geral da OMS, Margaret Chan, ao anunciar a convocação de um Comitê de Emergência da agência da ONU.
Chan se referia a síndrome de Guillain-Barré, um problema no qual o sistema imunológico ataca o sistema nervoso, chegando a provocar paralisia em alguns casos.
O bebê pode ser infectado pelo leite materno?
Embora já se tenha identificado o vírus zika no leite materno, não houve, até o momento, nenhum relato de caso em que tenha havido a transmissão do vírus zika para o bebê pelo leite materno. A Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, coordenada pela Fiocruz, afirma que, por conta de todos os benefícios que o leite materno traz ao recém-nascido, incluindo o aumento da imunidade, a amamentação deve ser encorajada e incentivada mesmo em áreas endêmicas para o vírus zika.
Quem são as principais vítimas?
Para o mosquito, não há “vítima ideal”, pouco importa a idade da pessoa que será picada pelo inseto, por isso, todos estão sujeitos ao vírus zika.
O problema mora nas consequências da doença. As mulheres devem ter atenção redobrada: quem está grávida ou tem intenção de engravidar tem que se cuidar. A fase mais perigosa é o primeiro trimestre de gestação, mas não é certo que o vírus, se adquirido no restante da gravidez, não possa provocar problemas neurológicos na criança. Quanto mais cedo na gravidez acontecer a infecção, mais graves podem ser os efeitos. Para as mulheres grávidas, recomenda-se que vistam roupas compridas e claras (roupas escuras atraem o mosquito), e apliquem repelente na pele que ficar exposta.
O que é microcefalia?
A microcefalia é uma malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. Neste caso, os bebês nascem com perímetro cefálico (PC) menor que o normal, que habitualmente é superior a 32 cm. Essa malformação pode ser efeito de uma série de fatores de diferentes origens, como substâncias químicas e agentes biológicos (infecciosos), como bactérias, vírus e radiação.
O vírus passa pela placenta e vai então acometer o tecido cerebral de uma forma que vai desacelerar o crescimento dos neurônios e células que existem. E é essa alteração do crescimento cerebral que vai acabar causando uma alteração na taxa de crescimento do osso. Por isso que leva tanto tempo, nada que vai aparecer em duas, três semanas e possa calcificar o cérebro. Quando há calcificações é indício de que essa infecção aconteceu muito cedo na gestação. A calcificação pode impedir que o cérebro continue a se desenvolver bem.
O Brasil fez um alerta em outubro sobre um número elevado de nascimentos de crianças com microcefalia na região Nordeste. Atualmente há 270 casos confirmados e 3.449 em estudo, contra 147 em 2014.
O que é a síndrome de Guillain-Barré?
A síndrome de Guillain-Barré é uma reação, muito rara, a agentes infecciosos, como vírus e bactérias, e tem como sintomas a fraqueza muscular e a paralisia dos músculos. Vários vírus, assim como o zika, podem provocar a síndrome de Guillain-barré, que é uma doença rara. Assim como todas as possíveis consequências do zika, a ocorrência da Guillain-Barré relacionada ao vírus continua sendo investigada. Os sintomas começam pelas pernas, podendo, em seguida, irradiar para o tronco, braços e face.
A síndrome pode apresentar diferentes graus de agressividade, provocando leve fraqueza muscular em alguns pacientes ou casos de paralisia dos membros. O principal risco provocado por esta síndrome é quando ocorre o acometimento dos músculos respiratórios, devido a dificuldade para respirar. Nesse último caso, a síndrome pode levar à morte, caso não sejam adotadas as medidas de suporte respiratório. Clique AQUI e saiba mais sobre a síndrome de Guillain-Barré.
Como prevenir?
A forma mais eficiente de prevenção é evitar a criação de condições favoráveis ao surgimento de focos do mosquito. Qualquer local em que houver água parada e limpa depositada é um lugar perfeito para um criadouro. Impedir o acesso das fêmeas grávidas do mosquito a depósitos de água por intermédio do uso de telas/capas ou mantendo-se os reservatórios ou qualquer local que possa acumular água, totalmente cobertos.
Individualmente pode-se utilizar roupas que minimizem a exposição da pele durante o dia, quando os mosquitos são mais ativos. Essas roupas podem proporcionar alguma proteção contra as picadas dos mosquitos e podem ser adotadas principalmente durante surtos, além do uso de repelentes na pele exposta. Repelentes de ambiente também são eficientes. Clique AQUI para saber mais sobre o uso de repelentes contra o mosquito Aedes Aegypti.
Há tratamento ou vacina contra o vírus zika?
Não existe tratamento específico. O tratamento dos casos sintomáticos recomendado é baseado no uso de acetaminofeno (Paracetamol) ou Dipirona, para o controle da febre e manejo da dor. No caso de erupções pruriginosas, os anti-histamínicos podem ser considerados. No entanto, é desaconselhável o uso ou indicação de ácido acetilsalicílico e outros drogas anti-inflamatórias em função do devido ao risco aumentado de complicações hemorrágicas descritas nas infecções por síndrome hemorrágica como ocorre com outros flavivírus.
Não há vacina contra o vírus zika. Clique AQUI para saber mais sobre os sintomas e o histórico da doença.
Onde o vírus está?
O Brasil notificou em maio de 2015 o primeiro caso de doença pelo vírus zika. Desde então a doença se propagou e já são mais de 22 países que registraram casos de vírus zika, segundo a Organização Mundial de Saúde, que classificou o crescimento da epidemia como “explosivo” e pode declarar emergência mundial.
Com mais de 1,5 milhão de contágios desde abril, o Brasil é o país mais afetado pelo vírus, seguido pela Colômbia, que em 30 de janeiro anunciou mais de 20.000 casos, 2.000 deles em mulheres grávidas. O alerta também soou na Europa e Estados Unidos, onde o vírus foi detectado em dezenas de pessoas que viajaram ao exterior.