Concluído o ensino secundário e os exames nacionais, uma parte dos jovens portugueses decide continuar a sua vida académica através do ingresso no ensino superior. Mas se é verdade que todos eles vêm de áreas específicas, consoante o agrupamento que escolheram à passagem para o 10º ano, não é menos verdade que muitos ainda não fazem ideia de que curso querem seguir.
Dos vários fatores a ter em conta (média, área de formação, vocação de cada um) há um que tem sido desconsiderado ao longo dos anos e que deveria ter cada vez mais peso na hora de escolher um curso e um estabelecimento de ensino, a empregabilidade.
Num período de crise económica com números de desemprego altíssimos, mais do que nunca é importante escolher um curso que garanta um mínimo de empregabilidade assim que se tenha o canudo na mão, mas no meio de tanta escolha torna-se difícil saber quais são?
O Observador compilou uma série de dados que podem ajudar nesta escolha e que para seu conforto resumimos aqui.
Quais os cursos com menor taxa de empregabilidade?
Atenção, não temos por natureza condicionar escolhas seja do que for, queremos apenas que as decisões tomadas sejam feitas da forma mais informada possível. Diz quem sabe que isso aumenta significativamente as hipóteses de acerto. Assim sendo, há que dar a conhecer quais os cursos que nos últimos anos têm tido taxas de empregabilidade baixíssimas, ou trocado por miúdos, quais os cursos com maior concentração de desempregados.
Na tabela constam apenas os casos mais preocupantes, os cursos onde a taxa de desempregados entres os licenciados é superior a 20%.
São ao todo 43 e têm algumas características em comum que podem fornecer pistas valiosas. A maior parte deles são em Universidades do norte e interior do país. Há seis cursos de produção de áudio na área de média e audiovisuais e cinco em áreas de trabalho social.
Os números dos cursos com vertente de ensino também não são nada animadores.
Quais os cursos com melhor empregabilidade
A lista transmite esperança. Há cursos superiores em Portugal com uma taxa de empregabilidade de 100%. Mais, ao contrário do que seria de esperar há mais cursos com empregabilidade total do que com empregabilidade baixa. Ao todo são 63 contra 43. Na verdade, os cursos que garantem empregabilidade total são mais diversificados em números e áreas que aqueles de empregabilidade complicada.
A análise cuidada da tabela também permite retirar algumas conclusões. Na lista constam seis cursos de medicina (só há sete em Portugal e o outro tem apenas um desempregado!). Há sete cursos na área eletrónica e de automação e, surpreendentemente, mais sete nas áreas de artes e espetáculos.
Politécnico ou Universidade?
Os números não mentem, e o que é facto é que as universidades apresentam taxas de empregabilidade superior aos politécnicos. Das 10 piores instituições públicas de ensino superior neste capítulo, nove são institutos politécnicos.
Talvez por terem consciência desta realidade a maior parte dos alunos tenta fugir a estes estabelecimentos, sendo que muitos não chegam sequer a figurar na primeira escolha de nenhum estudante na ordem de ordenar a preferência do que pretendem cursar.
A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro é a exceção à rera, uma vez que lidera a tabela, apresentando a maior taxa de desempregados por cada licenciado, com cerca de 15%.
Onde estudar?
É talvez a mais delicada das decisões porque também é, em via de regra, a que acarreta mais custos. A escolha do estabelecimento de ensino é muitas vezes, mais condicionada com a proveniência dos alunos, que propriamente com o critério qualidade/empregabilidade, mas nunca é demais dar nota de que há diferenças e muitos não têm sequer noção disso.
As universidades das ilhas são as melhores neste aspeto ao apresentaram taxas de desemprego residuais, 0,5% na Madeira e 0,6% nos Açores.
No continente das 10 melhores seis são em Lisboa. A capital apresenta a menor taxa de desempregados do país, mas isso pode ter mais que ver com a diversidade e quantidade da oferta que, propriamente, com a qualidade dos seus cursos e estabelecimentos de ensino.
Pergunta para queijinho: Mas afinal vale a pena seguir para o ensino superior ou não?
Seja como for, opte por onde optar uma coisa é certa, por mais que haja quem tente vender ideia contrária, os números são claros e ser licenciado é muito melhor que não o ser, no que a procura de trabalho diz respeito.
Embora haja 13% de portugueses com canudo na mão inscritos em centros de emprego e na segurança social como desempregados, o número continua a ser muito menor que os 23,6% que estão na mesma situação com o ensino secundário completo, os 19,9% com a escolaridade até ao 9º ano e os 56,5% que só tinham concluído o 6º ano.