Os últimos dados do Observatório da Emigração indicam as quebras e os aumentos dos fluxos migratórios da população portuguesa. Tendo por base as informações divulgadas — algumas referentes ao ano de 2017, outras ao de 2016 —, podemos facilmente concluir que há padrões que se mantêm e, claro está, locais que estão a crescer como destino de eleição para emigrar. Em 2017, estima-se que existiam 2.266.735 portugueses emigrados, segundo as Nações Unidas: 1.502.151 na Europa, 592.642 na América e 171.942 nos restantes continentes. A análise exposta neste artigo permitirá perceber quais os locais que estão a receber cada vez mais emigrantes lusitanos.
Aumento da emigração portuguesa
Japão: num total de 427.585 entradas de emigrantes registadas no país asiático, em 2016, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), os portugueses representaram 0.1%. Com maior rigor, e como o gráfico abaixo permite perceber, foram 248 portugueses que fizeram as malas e rumaram a território japonês. Desde que, em 2015, foi ultrapassada a “barreira” das 200 pessoas, nunca mais se registou um número inferior a tal. Contudo, o Japão continua a ser um destino pouco significativo dentro do panorama da emigração portuguesa.
Espanha: o país vizinho cresceu, em 2017, 18% no que toca à receção de emigrantes portugueses. Depois do pico de 2007 rapidamente se verificou um decréscimo, acentuado e contínuo, que se manteve até 2009. Nos anos que se seguiram, embora a quebra se tenha mantido, avançou de forma mais gradual, parando apenas em 2013 — ano em que, de novo, se inicia um período de maior emigração portuguesa para Espanha. Somam-se, agora, mais quatro anos, consecutivos, de crescimento. Em 2017, segundo o Instituto Nacional de Estatística espanhol, registaram-se 637.375 entradas de estrangeiros no país, sendo que 9.038 eram portugueses. Esse valor representa 1.4% do total de emigrantes que chegou a Espanha em 2017. Trata-se do maior número de entradas de portugueses no país desde há oito anos.
Islândia: 2017 é já o sétimo ano consecutivo de crescimento da emigração portuguesa no país. Segundo os dados da Statistic Iceland, foram 270 portugueses que, nesse ano, se mudaram de malas e bagagens para a terra do gelo — o maior valor dos últimos nove anos. Num total de 11,758 entradas de estrangeiros, o povo lusitano representou 2.3% desses registos. Ainda assim, o pico de 2004, no qual se registaram 520 entradas de portugueses na Islândia, continua firme como o maior número verificado até ao momento.
Alemanha: o Statistisches Bundesamt Deutschland apresentou um registo de 17.750 entradas de emigrantes portugueses em 2017, num total de 1.391.515 estrangeiros. Mesmo representando apenas 1.3% desse total, o número de emigrantes portugueses que chegaram à Alemanha nesse ano está inflacionado. A organização alemã clarificou que, devido aos problemas de registo dos dois anos anteriores (2015 e 2016), houve uma contabilização errónea que foi compensada posteriormente. Assim, o gráfico apresentado pelo Observatório da Emigração aponta, através da cor avermelhada, um intervalo temporal que pode apresentar erros. É possível que o decréscimo registado em 2014 tenha apenas começado em 2016 ou, até, em 2017; por isso, é igualmente provável que o crescimento registado seja apenas aparente.
Suécia: chegaram 390 portugueses ao país, em 144.489 estrangeiros, durante o ano de 2017. A expressão da emigração lusitana é baixa, representando apenas 0.3% dos registos desse ano. Contudo, os números têm estado numa direção ascendente, de forma contínua, principalmente desde 2011. Mesmo assim, podemos recuar um pouco mais, até ao início do gráfico: os números de 2017 são os mais altos do século XXI. Tal não significa que a emigração portuguesa, na Suécia, seja muito relevante, tendo em conta os muitos outros destinos que recebem portugueses, na Europa e um pouco por todo o mundo.
Itália: depois da queda de 2015, a emigração portuguesa no país parece estar a recuperar o fôlego desde o ano seguinte, 2016, de acordo com os dados da Eurostat. Num total de 300.823 entradas de estrangeiros, 443 eram portugueses, o que representa 0.2% desse valor. Se, por um lado, os baixos registos de 2002 não se repetiram até ao momento presente, por outro, o maior número de entradas verificado também não é igualado desde 2007 — no qual 594 portugueses se mudaram para Itália. Ainda assim, 2016 foi o ano em que a tendência de queda, verificada a partir de 2011, foi contrariada.
Holanda: os portugueses foram, em 2017, responsáveis por 1.1% da entrada de emigrantes estrangeiros no país. Segundo o Centraal Bureau voor de Statistiek, chegaram 202.126 estrangeiros, sendo que 2.127 eram portugueses. Entre 2005 e 2008, houve um crescimento muito significativo da emigração portuguesa na Holanda, interrompido apenas com a queda de 2010. No entanto, esta última acabou por ser contrariada, uma vez que, logo a partir do ano seguinte, os indicadores subiram. O ritmo ascendente manteve-se e, em 2017, registou-se o maior número de chegadas de emigrantes portugueses ao território holandês durante todo o século XXI. O Observatório da Emigração assinala o facto de, tal como Espanha, a Holanda ser um dos poucos destinos migratórios onde a presença portuguesa está a crescer.
Áustria: 618 portugueses, em 139,329 entradas de estrangeiros no país, durante o ano de 2017. Este valor exprime-se em 0.4% da entrada de estrangeiros no país, durante esse ano. O pico de entrada de emigrantes portugueses em território austríaco deu-se em 2013, com quase 900 pessoas registadas. Ainda assim, a quebra que sucedeu essa subida, a partir de 2014, representou um abalo de 34%. Em 2017, o crescimento verificado chegou até aos 10%.