Combate ao fascismo, machismo e intolerância tomam conta de cidades do Brasil e do mundo
O dia 29 de setembro entra na história da democracia e da liberdade de expressão brasileiras; mulheres unidas, ligadas a grupos feministas ou não, ligadas a partidos políticos ou não, ligadas a causa sociais ou não, foram para as ruas de mais de 200 cidades do país para o ato #EleNão. O evento, que teve, também, forte participação masculina e policiamento, transcorreu sem problemas nas capitais brasileiras, em clima pacífico e organizado. O Ato foi um movimento suprapartidário no qual todas as forças progressistas convergiram no apoio ao #Elenão e se identificaram na luta contra o movimento de direita, que cresceu no país a partir de um candidato que tem ódio de mulheres, de negros, de homossexuais e da classe trabalhadora, reduzindo direitos sociais.
O ato foi feito com o intuito de demonstrar a insatisfação e o repúdio com as palavras proferidas pelo presidenciável Jair Bolsonaro, que há anos assume uma postura machista e agressiva para com as mulheres e os temas que as envolvem. O candidato partilha de opiniões que ferem direitos adquiridos pelas mulheres ao longo dos anos, como a da licença de maternidade, a da vinda de uma filha do sexo feminino ser uma fraquejada por não ser homem e a dos salários das mulheres, que devem ser menores do que os dos homens pois elas engravidam e eles não. Defensor da tortura, exalta sempre uma determinada figura que, durante a ditadura militar brasileira, torturou imensas pessoas.
São inúmeras as palavras mal ditas pelo candidato desde o início da sua campanha, além de em 26 anos como deputado federal nunca ter se posicionado de forma amistosa em relação às pautas que envolvem mulheres, a exemplo de um projeto de lei que retira do SUS (Sistema Único de Saúde) a obrigação de atender mulheres que foram vítimas de violência sexual. Nos últimos dias, ainda no hospital devido à violência sofrida com a facada que recebeu, disse que não aceitaria os resultados das urnas se não fosse ele o vencedor. Lamentável a colocação, além de ser absolutamente contrária ao Estado Democrático de Direito em que está constituída a República Federativa do Brasil.
O vice-candidato na chapa deste presidenciável é um General da reserva, que vem também demonstrando opiniões contrárias ao exercício da democracia, que ferem a Constituição Federal acerca de direitos fundamentais consolidados, serviços e servidores públicos e o exercício harmônico dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Ambos fazem promessas de campanha e propagandeiam coisas que o presidente e o vice-presidente eleitos pelo voto popular não poderiam fazer por ser inconstitucional.
No Brasil, as mulheres votam desde 1932, alguns anos após o movimento sufragista ter se iniciado, e hoje em dia correspondem à maioria da população brasileira e do eleitorado nacional, sendo uma importante força para decisão dos futuros representantes que serão eleitos. Menosprezar o poder feminino de mudança social, de pressões e posições políticas não é uma boa ideia para qualquer candidato, seja qual for o seu lado e cargo. O crescimento de um conservadorismo político no Brasil vem construindo um campo de extrema direita, tal como o que o país viveu na ditadura de 1964, atrelado às decepções com a corrupção e roubalheira, bem como a questão da Segurança Pública, umas das maiores demandas do brasileiro. Foram estes fatores que fizeram com que o discurso da intolerância e da violência ganhasse força nos últimos anos, além de permitir que personagens e grupos políticos pudessem aparecer e engrossar o clamor popular através da exteriorização de conceitos que levaram a regimes ditatoriais como o Nazismo de Hitler e o Fascismo de Mussolini, Salazar, dentre outros. Conceitos esses combatidos e condenados pela doutrina internacional dos Direitos Humanos e por ordenamentos pátrios em muitos países.
O ato do dia 29 de setembro de 2018, #EleNão, vem para marcar a história do país e será decisivo para a escolha do próximo presidente e para a formação do Congresso Nacional, dos Governos dos Estados e Assembleias Legislativas. Não se aceita calado aquilo que dói, humilha, fere. Estive presente no ato e posso afirmar que a força da sociedade civil e a força feminina são potentes na luta e na resistência. Nenhum direito a menos e nenhum subjugo a mais. Nenhum sequestro emocional que gere a manipulação eleitoral e nenhuma medida antidemocrática. #EleNão