“O enredo de uma intervenção letal da Polícia Militar (PM) em São Paulo começa com um homem jovem e negro suspeito do crime de roubo nas ruas da capital paulista. A PM sai em perseguição e, quando o encontra, os policiais são supostamente recebidos a tiros. Os PMs então “revidam a injusta agressão”, no jargão dos boletins de ocorrência – ou seja, atiram de volta. E são certeiros: poucos personagens dessa história sobrevivem.”
A partir de uma investigação envolvendo todos os boletins de ocorrência das mortes cometidas por policiais militares na cidade de São Paulo em 2014, a Agência Pública revelou dados impressionantes.
396 mortes pela PM paulista: as histórias por trás dos BO’s
A análise feita pela agência de jornalismo investigativo independente levanta dúvidas sobre os confrontos narrados nos boletins de ocorrência. Supostos roubos motivaram 86% das operações letais. Frequentemente, os únicos depoimentos a respeito desses crimes são dos PMs envolvidos, que alegam serem sempre recebidos a tiros. Contudo, poucos policiais se ferem nessas circunstâncias: enquanto 396 vítimas civis morreram, nenhum Policial Militar foi vitimado e apenas 17 ficaram feridos nas ocorrências analisadas pela Pública.
A vítima típica dos homens fardados? Jovem, do sexo masculino e negro.
A investigação também descobriu que 96,5% das mortes ocorreram em locais afastados do centro expandido, região que concentra as áreas mais nobres de São Paulo. A investigação resultou numa reportagem especial “396 mortes pela PM paulista: as histórias por trás dos BOs“e no minidoc “330 vezes PM“, que você pode assistir abaixo:
330 vezes PM from Agência Pública on Vimeo.