(Imagem: Peter Gerdes via Compfight cc)
O Brasil sofrerá um aumento do desemprego durante os próximos três anos, segundo previsão da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em seu informe anual sobre o mercado de trabalho. A organização alerta que a desaceleração da economia brasileira terá um custo social e que a expansão do crédito como forma de crescimento da economia não é algo “sustentável“.
A previsão é de que os números do país fiquem acima da média mundial e, em 2016, o desemprego no Brasil seja superior à média dos países desenvolvidos. O número segue uma tendência de aumento do desemprego nos países emergentes que, até 2014, pareciam alheios à crise mundial.
Em entrevista publicada no Estado de S. Paulo, Guy Rider, diretor-gerente da OIT, classifica como “decepcionante” a situação e atribui o crescimento do desemprego no Brasil a uma combinação de fatores, como a alta dependência do país no desempenho das commodities (a queda dos preços internacionais teria afetado o setor e contribuído para o desemprego) e o fato de que, nos últimos anos, a economia brasileira cresceu “com base na expansão do crédito“, uma postura nada sustentável, na avaliação de Rider.
A nova tendência reverte um período de melhoria no mercado do trabalho e cria dificuldades para avanços sociais e no combate à pobreza. Pelos dados da OIT, o desemprego no Brasil passou de 6,5% em 2013 para 6,8% em 2014. Neste ano, a taxa deve dar um novo salto e chegará a 7,1%. Nem a Olimpíada ou a Copa do Mundo teriam conseguido reverter a tendência. Em 2016 e 2017, a taxa subirá para 7,3%.
Para evitar entrar em um ciclo ainda maior de desemprego, Rider defende que “o país precisa de uma maior diversificação de sua atividade produtiva“. Para isso, segundo ele, recursos terão de ser investidos na educação e treinamento da população.
De acordo com a OIT, a realidade do aumento do desemprego não se limitará apenas ao Brasil e atingirá o restante da América Latina que, depois de anos de crescimento forte, passou a ter uma expansão de sua economia abaixo da média das economias ricas.
Em 2015, pela primeira vez desde 2002, a região terá um desempenho mais fraco que os Estados Unidos e a Europa (que estiveram no centro da crise mundial). O desemprego voltou a subir, pela primeira vez desde 2009, e a falta de possibilidades de trabalho para os mais jovens é mais grave hoje que nas economias avançadas.