A ansiedade é um problema que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Segundo a revista Sábado, Portugal é o país da Europa ocidental com o maior número de pessoas afetadas por estas perturbações. Nelas incluem-se fobias, stress pós-traumático e ataques de pânico. O Brasil revela estatísticas ainda mais assustadoras. De acordo com o Estadão, este país lusófono é o que apresenta a maior taxa relativa a este transtorno no mundo inteiro, com mais de 18 milhões de pessoas a sofrer de ansiedade.
Se está a questionar-se sobre o que é, exatamente, a ansiedade, saiba que a resposta nem sempre é fácil. Esta pode manifestar-se de várias maneiras, dependendo da pessoa em questão. Ainda assim, um facto unânime a respeito desta perturbação é a sua aliança ao medo e ao stress. Partindo deste pressuposto, podemos abranger várias definições semelhantes. Hélio Deliberador, professor do Departamento de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, define a ansiedade como algo que “se dá quando a pessoa perde a possibilidade de reduzir o ritmo, qualidade do sono, se submete a um excessivo quadro de atividade e claro, ao sofrimento, principalmente com o excesso de cobrança sobre ela mesma e os outros”.
Outras definições existem. No site da psicóloga Carolline Mikosz, o psiquiatra André Astete assume a ansiedade como sendo o terceiro de três mecanismos defensivos desenvolvidos pela nossa evolução enquanto seres vivos. De uma maneira geral, quando patológica, esta pode levar o indivíduo a um estado de preocupação constante.
“Agonia”, “pavor”, “angústia”, “afobação” e inúmeras modalidades tensionais podem ser manifestações de ansiedade. Quando experimentamos ansiedade, percebemos reações somáticas de várias naturezas e intensidades, sendo as mais comuns a tensão muscular, o tremor, o suor das mãos, axilas ou pés, o desconforto respiratório ou no peito, às vezes chegando à dor, a vertigem, dor abdominal, arrepios e vontade de evacuar ou urinar, entre outros — André Astetes
Identificar os sintomas de quem está a sofrer de ansiedade
Além das definições mais científicas, ou apontadas por profissionais, há também o lado de quem sofre de ansiedade. O relato de Beatriz Magalhães, por exemplo, é um de muitos que transparece a dificuldade de viver com este problema. A jovem brasileira publicou, nas redes sociais, um testemunho acerca do seu trajeto e vivência com o “monstro” da ansiedade. Defini-a como algo mais do que pensar muito num assunto ou olhar para o relógio constantemente, à espera que chegue a hora de sair das aulas ou do trabalho.
“Minha ansiedade dói na mente, dói no meu corpo, não me deixa respirar. Perco o controle sobre os meus sentimentos e tudo parece ser caos…”, escreveu Beatriz. Além disso, a jovem afirmou, também, que as suas relações com as outras pessoas acabam afetadas — “A ansiedade tensiona cada músculo do meu corpo enquanto tento lidar com questões internas e tento manter o rosto sereno para ninguém notar. Faz-me sentir a todo segundo que tem alguém chateado com algo que eu fiz ou falei. O peso de tudo fica dobrado e sinto que preciso cuidar de todo o mundo, mas não deixo ninguém cuidar de mim”, pode ler-se.
Mesmo sentindo a ansiedade de forma diferente, as pessoas que com ela sofrem têm algumas coisas em comum. Poderão, em princípio, partilhar um sentimento de “alarme” em relação às coisas, seja no trabalho, em casa ou em ambos os ambientes. Sofrer por antecipação é outro dos elementos comuns na vida da pessoa ansiosa: antever experiências negativas, devido à dor ou desconforto que a vivência em questão poderá causar. Um ritmo ‘stressante’ no quotidiano pode potenciar esta patologia, mas também algumas vivências do passado.
Como ajudar quem está a sofrer de ansiedade?
Por vezes, a ajuda necessária por parte de quem convive com uma pessoa que sofre de ansiedade passa, simplesmente, por estar presente. Saber conviver em silêncio, de forma harmoniosa, e fazer atividades ao ar livre, em conjunto, com naturalidade e sem sugestionar que isso é uma necessidade — em vez de dizer “devias ir correr para descarregar energias e teres mais calma”, dizer algo como “quero começar a fazer mais exercício; acompanhas-me?” —, são pequenas coisas que podem fazer bastante diferença.
Manter uma alimentação saudável, fomentar o convívio social, promover uma boa rotina de sono, evitar o consumo de conteúdos negativos (como certos programas televisivos) e passar menos tempo online são outros fatores que podem ajudar a pessoa ansiosa a sentir-se melhor.
Geralmente, a ajuda profissional de um/a psicólogo/a ou terapeuta também não piora nada. Ainda assim, essa ajuda deve vir de alguém com quem se estabeleça uma boa relação. As terapias são, também elas, muito diferentes e a pessoa ansiosa deve sentir-se confortável com o/a profissional que a está a seguir.