O livro Una Isi Kayawá – o Livro da Cura, escrito pelos pajés Huni Kuin do rio Jordão em parceria com o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, conquistou o terceiro lugar na categoria Ciências da Natureza, Meio Ambiente e Matemática no 57º Prêmio Jabuti, considerado o mais importante prêmio do mercado editorial brasileiro.
O pajé é considerado uma das figuras mais importantes dentro das tribos indígenas brasileiras. Conhecido como “médico da tribo”, o pajé usa técnicas de massagens, banhos e até mesmo algumas práticas cirúrgicas para curar os seus pacientes. Além disso, é um profundo conhecedor dos “medicamentos naturais”, à base de ervas medicinais, raízes, sementes, substâncias animais e minerais que auxiliam, de acordo com a cultura indígena, a cura das mais diversas doenças, sejam elas físicas ou espirituais.
Amazônia teve cidades com até 8 milhões de índios antes de Cabral
Este é um livro pioneiro, que reúne o profundo conhecimento (até então acessível apenas pela tradição oral) das plantas e as práticas medicinais do povo indígena Huni Kuin, também conhecido como Kaxinawa, maior população indígena que habita a região do Rio Jordão, no Acre.
O livro teve um processo criativo bastante original, utilizando os cadernos de anotações dos pajés do rio Jordão. A ideia do livro teve início a partir de um sonho do pajé Agostinho Iká Muru, que queria registrar o conhecimento de medicina natural adquirido pela tribo e garantir a passagem destas informações às novas gerações. O livro é um catálogo etnobotânico das ervas medicinais conhecidas e estudadas por ele durante toda a vida. O pajé, juntamente com o taxonomista Alexandre Quinet, são os organizadores do projeto.