“Solos para um dó maior” abre a temporada 2015 da Companhia de Dança Contemporânea de Angola
(Imagem: Kostadin Luchansky, Divulgação CDC Angola)
A Companhia de Dança Contemporânea de Angola abre na próxima semana a sua primeira temporada de 2015 com uma nova versão da peça Solos para um dó maior numa parceria com o Camões-Centro Cultural Português, em Luanda.
O espetáculo volta ao palco um ano após a estreia, em junho de 2014. Mas quem assistiu à temporada anterior não pode afirmar que já viu tudo: o repertório que será apresentado ganhou novos ares a partir de uma releitura, como explicou a diretora artística da companhia, Ana Clara Guerra Marques, em entrevista exclusiva à Conexão Lusófona.
– Não se deita fora um livro depois de o ler, o mesmo acontece com um espetáculo de dança, ele passa a fazer parte do repertório da companhia. Gosto sempre de retrabalhar, transformar as coreografias. Desta vez voltamos para o estúdio e revisitamos cada um dos movimentos, que agora estão mais amadurecidos e com novos figurinos, de autoria de Nuno Guimarães.
Entre um compromisso e outro dos preparativos para a estreia, Ana explicou que a peça nasce de um conto da literatura oral da cultura Cokwe (povo originário do nordeste de Angola), a partir do qual foram propostas improvisações que deram origem às coreografias.
– A peça é produto de um processo de pesquisa individual. Cada bailarino recebeu o texto da história e a partir daí teve liberdade para criar e articular de forma consciente um conjunto de mecanismos e ferramentas de construção coreográfica. É esta a nossa “improvisação”: cada bailarino escolheu e construiu a sua personagem a partir da sua própria leitura dessa história e do que ela despertou no seu corpo, no seu movimento individual.
Após ter em mãos este material bruto, coreógrafa e bailarinos juntos criaram uma estrutura com formas que ditam a linha-guia que une o espetáculo. Os sete solos são articulados com extratos do livro A Cidade Cruel, do escritor camaronês Eza Boto (Mongo Betti).
Mas, arte que é, a peça não se propõe a ser apenas “absorvida” pela plateia: mais do que contemplar, o público é convidado a interpretar e refletir, tirando da peça as suas próprias conclusões.
– A unidade entre os bailarinos, o texto e a proposta original é dada pelos próprios espectadores – explica Ana.
Informações práticas
As apresentações terão lugar nos dias 4, 5, 6, 11, 12 e 13 de junho, às 19h30, no Auditório Pepetela do Camões-Centro Cultural Português. Os bilhetes serão vendidos ao preço único de 3 mil kwanzas, nos dias dos espetáculos, a partir das 15h, nas instalações do Camões-Centro Cultural Português.
O espetáculo é classificado para maiores de 12 anos. Para a comodidade de todos e por questões técnicas informa-se que não será possível o acesso à sala depois do espetáculo ter início, bem como será expressamente proibido fotografar e filmar.
Sobre a Companhia de Dança Contemporânea de Angola
A Companhia de Dança Contemporânea, foi fundada e dirigida desde o início de 1991 pela bailarina e coreógrafa angolana Ana Clara Guerra Marques e propõe diferentes vocabulários e novas linguagens, no âmbito da pesquisa e experimentação, para a revitalização da cultura de raiz tradicional.
A partir de estudos de investigação efetuados em várias regiões de Angola, a companhia já criou dezenas de obras, com destaque para as peças A Próposito de Lweji (1991), Uma frase qualquer… e outras (frases) (1997), Peças para uma sombra iniciada e outros rituais mais ou menos (2009), Paisagens Propícias (2012) e Mpemba Nyi Mukundu (2014). A produção artística da companhia abrange também temas ligados ao Homem enquanto protagonista de um mundo pleno de conflitos e dúvidas.
Além de Angola, a companhia já apresentou os seus espetáculos em 13 países de África, Europa, Ásia e América.
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