Como o turismo pode melhorar o setor económico de São Tomé e Príncipe
Quem nunca ouviu falar das praias paradisíacas de São Tomé e Príncipe que se acuse. Este país, um Estado insular localizado no Golfo da Guiné, preenche todos os requisitos para ser considerado um destino turístico em crescendo. Apesar da dimensão geográfica diminuta, o turismo pode fazer a diferença na economia são-tomense.
As suas atrações naturais incluem florestas densas e verdejantes, quedas de água de cortar a respiração e uma linha de costa de sonho, composta por longos areais. A Praia da Banana, localizada na ilha do Príncipe, a Praia dos Tamarindos e a Praia do Inhame, ambas plantadas na ilha de São Tomé, são apenas algumas das principais referências turísticas do arquipélago.
Graças à sua localização geográfica, as temperaturas são quentes e agradáveis, durante o ano todo. Há tartarugas e baleias para observar, centenas de espécies de peixes e organismos vivos para absorver e uma abundância de pássaros exóticos, capazes de conquistar a câmara fotográfica mais exigente. Além disso, o país oferece excelentes condições para a prática de desportos náuticos. São Tomé e Príncipe é sinónimo de beleza virgem, mas os esforços que têm sido feitos para a sua emancipação no universo do turismo têm ficado aquém das expectativas.
A viragem política são-tomense
Em dezembro (2018), o caminho político de São Tomé e Príncipe tomou um novo rumo. Com a tomada de posse do atual primeiro-ministro do país, Jorge Bom Jesus, a vontade de fazer crescer um setor adormecido tem vindo a manifestar-se. Desenvolver o turismo nacional, tanto pelas receitas que este pode originar, bem como pelos postos de emprego que oferece, é um dos principais objetivos a curto e médio-prazo. Atualmente, o território nacional tem dependido, praticamente, das receitas angariadas pela comercialização do cacau e, em menor escala, do café. Desta forma, chegou o momento de focar as atenções e os esforços num nicho de mercado que pode realmente diversificar o setor económico: o turismo.
Os números e dados sobre o setor turístico são escassos. O Instituto Nacional de Estatística são-tomense não contém nenhuma informação detalhada sobre a entrada e a saída de turistas do país, por exemplo. Segundo a Diretora Geral do Turismo e Hotelaria, Miriam Daio, em 2016, entraram cerca de 30 mil visitantes, embora os “números e os dados não tenham sido fechados”. Já a plataforma económica China Lusophone Brief (CLBrief) avançou que São Tomé e Príncipe recebe, em média, apenas 13 mil turistas por ano; um número insuficiente para atingir um crescimento económico de 6% – taxa mínima mencionada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para reduzir os níveis de pobreza do país.
O turismo foi identificado pelo FMI como a melhor fonte para gerar emprego e aumentar a renda familiar, em São Tomé e Príncipe. Esta organização estima que exista um crescimento económico de 4%, em 2018, e de 5% nos anos seguintes. No entanto, para que esta meta seja atingida, é fundamental que sejam introduzidas reformas governativas, incluindo o aumento da receita fiscal e a reforma do setor bancário, com o intuito de reduzir o nível elevado do crédito malparado – o montante que fica em dívida de pagamento por parte das famílias, para liquidar financiamentos e obrigações como as prestações de casa, carro, cartões de crédito, etc.
Problemas a solucionar
Para que o número de turistas possa crescer, é fundamental, segundo o FMI, que se invista mais em infraestruturas. A prioridade é melhorar os aeroportos do arquipélago. Nos dias que correm, a maior parte dos visitantes chega de Lisboa (Portugal), depois de um voo de sete horas, existindo poucos voos diretos vindos de outros países. A condição é simples: se houvesse uma expansão das rotas aéreas, muitos mais turistas seriam atraídos. Além disso, o Banco Mundial realçou que é urgente investir na melhoria dos equipamentos de controlo do tráfego aéreo e o alongamento da pista de aviões – de 2,1 para 3,2 quilómetros -, visando a angariação de aeronaves maiores, com capacidade para mais passageiros. Todas estas melhorias terão um custo de US$ 31 milhões (cerca de 27 milhões de euros).
A modernização do Porto de Santo António, que é operado pela nacional Enaport, é apenas mais uma das tarefas prioritárias. Segundo a organização, é necessário investir num novo sistema operacional de terminais e nas melhorias dos berços de atração existentes, para que possam ser executados mais serviços turísticos a partir do porto. Estima-se que sejam gastos cerca de US$35 milhões (cerca de 30 milhões de euros).
Os problemas que possam existir sobre o abastecimento de água potável e de energia elétrica também precisam de ser colmatados. Segundo o relatório do FMI, publicado em junho (2018), eram necessários US$ 61,2 milhões (cerca de 54 milhões de euros) para elevar a rede elétrica a níveis normais de operação; já para o abastecimento de água canalizada eram necessários US$ 67 milhões (cerca de 59 milhões de euros). Atualmente, estima-se que apenas cerca de 47% da população é abastecida com água potável e encanada.
O governo atual, assim como o anterior, continua a aguardar que o financiamento prometido pela China, depois da retoma das relações diplomáticas entre os dois países em 2016, seja injetado no país. Esta ajuda monetária irá ser utilizada para promover projetos que envolvem a melhoria e a construção de novas infraestruturas, nomeadamente no Aeroporto Internacional de São Tomé e Príncipe no Porto de Santo António.
Em janeiro de 2018, o ministro dos negócios estrangeiros chinês, Wang Yi, aquando da visita oficial ao arquipélago, referiu que a China está interessada em investir na construção de um porto de águas profundas, assim como em outros projetos. No entanto, o financiamento dependeria da conclusão dos estudos de viabilidade económica nacionais.
Depois da análise elaborada pelo FMI, esperam-se mudanças substanciais para o futuro. No entanto, algumas delas já foram introduzidas. Em agosto (2018), o governo chinês anunciou que doaria 40 táxis a São Tomé e Príncipe. Desta forma, a empresa oriental Top International já começou a construir uma sede para serviços de táxi no país. Um mês depois (setembro de 2018), Pequim concordou disponibilizar US$ 29 milhões (cerca de 25 milhões de euros) para investir na melhoria da rede rodoviária.
Passo a passo, as infraestruturas nacionais estão a sofrer melhorias, suprindo algumas das necessidades do setor turístico. Para o futuro, estima-se um crescimento estável. Até lá, este destino paradisíaco fica a aguardar novas visitas de curiosos, com a promessa de que estes serão surpreendidos a cada virar de esquina.
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