Uma alternativa aos lares de idosos tem ganhado espaço na Europa: cohousings, ou habitações coletivas no estilo república que contêm uma infraestrutura de apoio e ambientes de interação. O projeto surge com vistas a acolher idosos que estão sós, mas ativos, em oposição a sítios onde o padrão é ter idosos com doenças mentais ou degenerativas em estado mais avançado.
Já relativamente conhecidas em países como Dinamarca — onde se originou o conceito na década de 1970 —, Suécia, Noruega e Finlândia, as cohousings têm se espalhado pelo resto da Europa nos últimos anos e chegam a Portugal pelo norte, pelo Porto.
É no Porto que está sediada a Hac.Ora, uma associação sem fins lucrativos que pretende consciencializar a população e o poder público dos benefícios da habitação coletiva para a saúde mental dos idosos. E os primeiros projetos de cohousing a ser construídos também são no Porto — um na região das Antas e outro no Bonfim, com data de inauguração estimada para 2021, pela Santa Casa do município.
Contato intergeracional
Os projetos, segundo o site da organização, pretendem gestar um ambiente que propicie o contato intergeracional que facilite o aprendizado tanto dos jovens — tendo os idosos a experiência da vida — quanto dos idosos — que podem aprender as novas formas de ser e estar, com destaque para questões de tecnologia. É isso mesmo, pode ser tanto uma cohousing somente de idosos quanto intergeracional, a depender das decisões das pessoas envolvidas.
“Temos cidadãos que se vêem no dia-a-dia sozinhos em casas enormes que já foram para uma família, com reformas insuficientes e despesas fixas que afectam a sua qualidade de vida, sem convívio frequente, sem estímulos de vida activa”, afirma o site. “Temos jovens que não encontram habitação para alugar ou comprar ao nível dos seus salários, perpetuando a estadia na família, sem possibilidade de poder viver o seu espaço de adultos”, continua. A criação de comunidades de cohousing permitirá a esses dois grupos viverem de forma sustentável em conjunto e a partilhar saberes.
No Brasil, as iniciativas ainda engatinham, mas a arquiteta Lilian Avivia Lubochinski procura meios de desenvolver sua startup Cohousing Brasil e constrói a primeira habitação coletiva na Granja Viana, na cidade de São Paulo. Também em São Paulo, em Piracicaba, há a iniciativa de Rodrigo Munhoz, que enfrenta questões de financiamento.